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O que é o “dia zero” e como posso adoptar na minha empresa?

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5 minutos de leitura

Alguma vez ouviu falar do dia zero ou “zero day”? Num mundo onde as ameaças cibernéticas evoluem a uma velocidade impressionante, proteger a sua empresa contra ataques é um desafio constante. Um dos conceitos mais falados em cibersegurança é o “zero-day”, um termo que desperta tanto preocupação como curiosidade.

Neste artigo, vamos explicamos-lhe o que significa o “dia zero”, quais os riscos associados e como a sua empresa pode adotar medidas preventivas eficazes para lidar com estas vulnerabilidades.

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Tabela de conteúdos

O que é o “dia zero”?

O termo “zero-day” (dia zero) refere-se a vulnerabilidades de software ou sistemas que são desconhecidas pelo fornecedor ou pelo público em geral. Estas falhas são descobertas por hackers ou investigadores antes que os responsáveis pela tecnologia possam corrigir o problema.

Porquê “zero-day”? O nome indica que os programadores têm “zero dias” para resolver a falha antes que ela possa ser explorada. Estas vulnerabilidades podem ser utilizadas para realizar ataques maliciosos, conhecidos como ataques de dia zero (zero-day attacks).

Como funcionam os ataques “zero-day”?

Os ataques “zero-day” são uma ameaça cibernética particularmente perigosa, pois exploram vulnerabilidades desconhecidas em software, hardware ou sistemas operativos antes que os responsáveis pela tecnologia tenham a oportunidade de corrigir as falhas.

1. Descoberta da vulnerabilidade no dia zero

O processo inicia-se com a descoberta da vulnerabilidade. Normalmente, hackers mal intencionados encontram falhas em sistemas ou programas através de ferramentas avançadas e métodos especializados. Contudo, essas vulnerabilidades também podem ser descobertas por investigadores de cibersegurança ou até através de anomalias detetadas por utilizadores comuns. O que torna estas vulnerabilidades especialmente críticas é o facto de serem desconhecidas pelo público ou pelo fabricante, ficando os sistemas expostos sem qualquer proteção.

2. Desenvolvimento da exploração

Após identificar a falha, segue-se o desenvolvimento da exploração. Neste ponto, os hackers criam códigos ou métodos, conhecidos como “exploits“, que tiram partido da vulnerabilidade para realizar ações maliciosas.

Estes exploits podem assumir várias formas, como malware que se infiltra no sistema, scripts personalizados que permitem acessos não autorizados ou até ataques combinados que integram a exploração da vulnerabilidade com outras técnicas, como phishing.

Em alguns casos, os hackers utilizam diretamente os exploits para os seus próprios fins, mas muitas vezes optam por vendê-los no mercado negro, onde outros agentes mal intencionados podem adquiri-los para lançar os seus próprios ataques.

3. Execução do ataque

A terceira etapa é a execução do ataque, onde o exploit é utilizado para comprometer o sistema-alvo. Os métodos mais comuns de ataque incluem campanhas de phishing, onde as vítimas são enganadas para abrir um e-mail ou clicar num link malicioso, downloads de ficheiros aparentemente legítimos mas que contêm código malicioso, ou ataques que utilizam a vulnerabilidade para obter acesso remoto ao sistema. Um exemplo prático seria um hacker explorar uma falha num navegador web para instalar ransomware, criptografando dados importantes e exigindo resgate para os desbloquear.

4. Propagação e impacto do dia zero

Depois de explorada a vulnerabilidade, os efeitos podem propagar-se rapidamente, causando danos significativos. Em muitos casos, os atacantes usam a vulnerabilidade para escalar privilégios dentro do sistema, obtendo permissões administrativas que ampliam o seu controlo.

Numa rede corporativa, essa escalada pode permitir a movimentação lateral, ou seja, o acesso a outros sistemas ou servidores dentro da mesma infraestrutura. Além disso, os atacantes frequentemente exfiltram dados, como informações financeiras, dados pessoais ou segredos comerciais, que podem ser usados ou vendidos para obter ganhos financeiros.

O impacto varia consoante o objetivo do ataque, podendo incluir interrupções operacionais, danos financeiros graves e perda de reputação da empresa.

5. Correção e resposta

Finalmente, chega o momento da correção e resposta. Após um ataque ou descoberta de uma vulnerabilidade “zero-day“, é comum que os investigadores, vítimas ou especialistas em segurança reportem a falha ao fabricante do software ou sistema comprometido.

Este, por sua vez, desenvolve e distribui um patch ou atualização que resolve o problema. No entanto, existe um período crítico entre a descoberta da vulnerabilidade e a aplicação do patch, durante o qual os sistemas continuam vulneráveis. Para agravar a situação, nem todos os utilizadores aplicam as atualizações imediatamente, prolongando os riscos de ataque.

Um exemplo notório de um ataque “dia zero” foi o Stuxnet, em 2010, que utilizou múltiplas vulnerabilidades desconhecidas para atacar centrifugadoras nucleares no Irão. Este caso mostrou como estes ataques podem ir além do ciberespaço, impactando diretamente infraestruturas críticas e causando danos significativos.

Compreender como funcionam os ataques “zero-day” reforça a necessidade de adotar estratégias preventivas, como monitorização contínua, atualizações regulares e formação de equipas, para proteger os sistemas contra esta ameaça silenciosa mas devastadora.

Quais são os riscos do dia zero para a sua empresa?

Os ataques de “dia zero” podem ter consequências devastadoras, especialmente em empresas que lidam com dados sensíveis. Entre os principais riscos, destacam-se:

  • Roubo de dados confidenciais: incluindo informações financeiras, dados de clientes e propriedade intelectual.
  • Interrupção de operações: sistemas comprometidos podem levar à paralisação de serviços ou produção.
  • Perda de confiança: clientes e parceiros podem perder a confiança na sua empresa após um ataque.
  • Custos elevados: recuperar de um ataque pode ser dispendioso, incluindo custos de reparação, multas e danos à reputação.

Como pode a sua empresa preparar-se para lidar com “dia zero”?

Adotar uma abordagem proativa é essencial para proteger a sua empresa contra ameaças de zero-day. Partilhamos consigo algumas estratégias fundamentais:

Invista em ferramentas de cibersegurança avançadas

Utilize software de deteção e resposta de ameaças (EDR – Endpoint Detection and Response), implemente firewalls e sistemas de prevenção de intrusões (IPS) e adote soluções baseadas em inteligência artificial que identificam comportamentos suspeitos em tempo real.

Atualize regularmente os seus sistemas e software

Mesmo que os ataques de zero-day explorem falhas desconhecidas, manter sistemas atualizados reduz a exposição a vulnerabilidades já identificadas. Garanta que o sistema operativo e o software utilizado têm patches de segurança instalados e que há um plano de gestão de atualizações em toda a empresa.

Promova uma cultura de cibersegurança entre os colaboradores

A formação dos colaboradores é essencial para reduzir o risco humano. Por isso, invista em formações de cibersegurança, ensinando boas práticas e como identificar e-mails suspeitos. Para além disse, faça simulações de ataques. Isto é, realize testes para verificar a resposta da equipa a possíveis ameaças.

Monitorize continuamente os sistemas

Estabeleça uma equipa ou contrate um serviço especializado em monitorização de segurança. Através de análises de vulnerabilidades – avalie regularmente os sistemas para identificar possíveis falhas – e auditorias de segurança – certifique-se de que as melhores práticas estão a ser seguidas.

Planeie uma resposta a incidentes

Tenha um plano de contingência claro para responder a incidentes de segurança. Para isso, inclua uma equipa dedicada à gestão de crises, tenha processos definidos para comunicar falhas a stakeholders internos e externos e faça backups regulares de dados críticos para garantir uma recuperação rápida.

Como integrar práticas de cibersegurança no dia a dia da empresa?

A adoção de uma estratégia robusta contra ameaças de zero-day deve ser contínua e integrada em todas as operações da empresa. Aqui estão algumas sugestões práticas:

  • Reveja contratos com fornecedores de software: assegure-se de que possuem políticas rigorosas de segurança.
  • Participe em comunidades de cibersegurança: mantenha-se informado sobre as últimas tendências e vulnerabilidades.
  • Faça testes regulares: realize testes de penetração para simular possíveis ataques.
A Nádia é content, copy e creative writer. As palavras são a sua grande paixão, usando-as para informar, entreter, ensinar ou simplesmente partilhar. É apologista de que devemos partilhar conhecimento, histórias, experiências (e bolos de chocolate, sempre!). Parceira da Factorial, no mercado português, pretende escrever conteúdos relevantes e informativos para todos os leitores.

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