Nos últimos anos, vimos um grande crescimento da área de tecnologia em Portugal. Não só por parte de empresas estrangeiras que decidem investir aqui, como também através das start-ups portuguesas.
A cada dia que passa surgem novas empresas com soluções inovadoras e vemos o desenvolvimento de talentos locais. Por isso, queremos partilhar com a nossa rede alguns desses casos de sucesso e inspiração e dar a conhecer algumas das caras que revolucionam o sector.
Nas próximas semanas publicaremos entrevistas com empreendedores, CEOs e gestores de RH de distintas start-ups portuguesas. Eles e elas explicar-nos-ão alguns dos seus principais desafios, dicas e diferenciais para se destacarem nos seus nichos, tanto a nível nacional como internacional.
A Visor.ai e a Era da Inteligência Artificial
Começamos a nossa série de entrevista com a Visor.ai, uma start-up de Lisboa que conquistou a Europa com os seus chatbots de atendimento ao cliente. A empresa, fundada por Gonçalo Consiglieri, Bruno Matias e Gianluca Pereyra, nasceu em 2016 durante o programa de aceleração Smart Open Lisboa (SOL) que investe em projetos inovadores para melhorar a qualidade de vida da cidade e dos seus habitantes.
A Visor.ai já participou em vários programas de aceleração, como: Start-up Chile (Santiago de Chile), Data Pitch (União Europeia) e Lisbon Challenge (Portugal). Hoje a empresa também conta com projetos em inglês e espanhol, e um escritório em Madrid para atender às novas demandas de clientes dos mais diversos sectores.
Leia a continuação da entrevista que fizemos com Gonçalo Consiglieri, co-fundador da Visor.ai.
Entrevista com Gonçalo Consiglieri da Visor.ai
Em poucas palavras, como explica a missão da Visor.ai? Qual é o problema que está a resolver?
A Visor.ai tem a missão de automatizar as interações e perguntas mais frequentes dos serviços de apoio ao cliente. Desta maneira, os assistentes humanos podem concentrar-se em situações mais complexas que requerem maior atenção da sua parte e as empresas assim otimizarem melhor os seus recursos.
Hoje, a Visor.ai já conta com grandes clientes como a FOX. Qual é o vosso diferencial para se destacar no mercado?
Acreditamos que a automação de interações entre empresas e pessoas é o futuro. Diferenciamo-nos de outras empresas, principalmente, por termos uma plataforma única. É totalmente integrável no sistema do cliente ou pode ser usada por si só, sendo facilmente adaptável às suas necessidades.
Destacamo-nos também por já termos uma experiência bastante alargada em alguns sectores, tais como a Banca e os Seguros, tendo já modelos bem definidos de bases de conhecimentos para ambos, o que facilita a implementação dos bots nos canais de contactos dos clientes.
Outra mais-valia da Visor.ai é dispor de tecnologia de Inteligência Artificial própria. Ao contrário de outras empresas que utilizam ferramentas fornecidas por external parties e só conseguem incidir sobre uma pequena parte do sistema, nós temos acesso a tudo o que envolve processamento de linguagem natural, assim como machine learning. Com isto garantimos os melhores resultados para os nossos clientes e damos a garantia de que vamos sempre conseguir melhorar de acordo com as suas necessidades.
Somos especializados nas línguas portuguesa e espanhola, e já contamos com clientes em três continentes diferentes.
Por último, a equipa tem a possibilidade de se adaptar agilmente ao trabalho remoto. Assim, asseguramos que os serviços da Visor.ai continuam a ser prestados com a mesma qualidade de sempre e sem que ocorram quaisquer interrupções. Hoje em dia, só em situações excepcionais é que a empresa recorre a este método de trabalho. Contudo, o futuro tem clara a visão de toda a equipa trabalhar remotamente pelos benefícios e pelas oportunidades que advêm tanto para a empresa como para os seus colaboradores.
Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas a nível administrativo? E quais foram os pontos mais marcantes como gestores ao longo do vosso crescimento?
A nível administrativo, a principal dificuldade sentida tem sido principalmente no tempo de resposta a processos cuja necessidade de implementação é imediata e, por outro lado, a carga burocrática inerente aos mesmos. Como, por exemplo, a aprovação de medidas de apoio à contratação.
Por outro lado, a organização tem sido igualmente outro dos pontos desafiantes e sem dúvida dos mais marcantes ao longo deste processo de crescimento.
“Criar ordem em processos relativamente caóticos e voláteis, cujas prioridades alteram ao longo do tempo, é um problema constante e nesse sentido a implementação de ferramentas como a Factorial, que nos tem suportado na gestão de processos de RH, facilita a organização e operacionalização dos mesmos.”
O sector de tecnologia e as start-ups estão a crescer muitíssimo em Portugal. Qual é o principal desafio para recrutar profissionais de tecnologia qualificados?
No sector das tecnologias são vários os desafios que enfrentamos quando falamos em captar talento qualificado. A começar pelas oportunidades que se sobrepõem aos recursos disponíveis no mercado, a consequente competitividade salarial que nos leva também a refletir sobre as melhores práticas e estratégias de retenção de talento.
E, por último, a definição e implementação das abordagens de atratividade mais adequadas e eficientes, que se refletem no employer branding, condução dos processos de recrutamento, nomeadamente nos timings de resposta, employee experience e a nossa proposta de valor tanto a nível de benefícios quanto a nível tecnológico.
O que acreditam ser essencial para uma gestão eficiente de Recursos Humanos? E qual é o recurso que mais utilizam na Factorial?
É essencial ter uma visão estratégica sobre o Workforce Planning e os objetivos de Negócio da empresa e que estes sejam flexíveis e adaptáveis à realidade de cada área e à cultura da empresa. No caso de empresas start-ups, esta adaptação é sentida diariamente, exigindo uma adaptação das obrigações legais de RH a metodologias e culturas ágeis.
A Factorial tem-nos ajudado sobretudo nas gestão e implementação de políticas e procedimentos de Ausências
Para finalizar, sabemos que Portugal se tornou um dos principais polos de start-ups na Europa. Para vocês, quais são os principais desafios e os próximos passos das start-ups portuguesas?
O principal desafio neste momento para a Visor.ai é conseguir escalar bem o seu negócio, não só no mercado nacional como internacional. Sem, com isso, descurar a cultura da empresa assim como todos os processos e metodologias já implementados.
Para isso, estamos cada vez mais atentos ao trabalho remoto, que é obviamente o próximo passo a ter em conta, não só pela redução e contenção de custos, como também pela flexibilidade e agilidade em termos de captação de profissionais qualificados e é cada vez mais uma condição valorizada em termos de worklife balance.
Dada a situação atual e global, a equipa da Visor.ai está a trabalhar remotamente, mas com a mesma motivação e com a confiança de que esta fase, apesar de desafiante, irá certamente reforçar-nos a todos não só como profissionais, mas como seres humanos. Os diferentes departamentos da empresa adaptaram-se à nova realidade e às exigências do seu trabalho. As reuniões e partilha interdepartamental mantém-se, mas agora por video-chamada.