O cartão refeição surge como um dos benefícios mais apreciados pelos trabalhadores. Simultaneamente, é também uma ferramenta poderosa para os departamentos de RH.
Numa conjuntura onde os profissionais têm cada vez mais opções e valorizam não apenas o salário, mas todo o pacote de benefícios, as empresas necessitam de ser estratégicas.
Neste artigo, vamos explorar como o cartão refeição pode transformar a sua estratégia de retenção de talentos. Iremos abordar quais as vantagens fiscais envolvidas e como implementá-lo de forma eficiente na sua organização. Fique a par de tudo!
Tabela de Conteúdos
- Como funciona em Portugal
- Cartão refeição: o benefício que os trabalhadores mais valorizam
- Cartão refeição como estratégia de retenção de talentos
- Vantagens fiscais para empresas e funcionários
- Como implementar o cartão refeição na sua empresa: guia prático
- Cartão refeição e trabalho remoto: desafios e soluções
- Factorial: simplifique a gestão do cartão refeição e outros benefícios
Como funciona em Portugal
O cartão refeição é um meio de pagamento eletrónico que possibilita aos trabalhadores pagar refeições em restaurantes e cafés. Mas também em supermercados.
Contrariamente ao subsídio de refeição pago em numerário beneficia de um regime fiscal mais favorável.
Em numerário é aplicada tributação quando ultrapassados determinados limites. Já o cartão refeição, legalmente, está isento de IRS até ao valor de €10.20 por dia de trabalho efetivo.
Na prática, as empresas carregam mensalmente os cartões dos seus trabalhadores com um montante. Os trabalhadores podem depois utilizar este saldo em todos os estabelecimentos aderentes, espalhados pelo país.
A rede de aceitação tem crescido exponencialmente, incluindo não apenas restauração tradicional, mas também supermercados e padarias. Ou mesmo plataformas de entrega de refeições ao domicílio.
Existem atualmente diversos operadores no mercado português que disponibilizam tanto cartões físicos, como soluções digitais integradas em aplicações móveis. A escolha deve depender das condições e preferências da empresa, bem como dos trabalhadores. As soluções digitais, contudo, têm ganho terreno pela sua conveniência e funcionalidades, como a consulta de saldo em tempo real.
Cartão refeição: o benefício que os trabalhadores mais valorizam
Diversos estudos revelam de forma consiste que o subsídio de alimentação está entre os três benefícios mais valorizados pelos trabalhadores. Frequentemente superando outros como seguros de saúde ou acesso a ginásio.
Assim, a componente salarial e os benefícios diretos relacionados com necessidades básicas tornam-se decisivas na escolha e permanência numa empresa.
Isto explica-se facilmente: o cartão refeição tem impacto imediato e diário no orçamento familiar. Já outros benefícios são utilizados ocasionalmente. O valor do cartão refeição é gasto diariamente, tornando-o tangível e sempre presente na vida dos trabalhadores.
Para um colaborador que receba €200 mensais em cartão, por exemplo, isso representa uma poupança real nas suas despesas essenciais. No limite, libertando rendimento para outras necessidades.
A flexibilidade é outro fator determinante. Ao contrário de cantinas empresariais com menus fixos, o cartão refeição oferece autonomia total. Isto é, o trabalhador escolhe onde, quando e o que comer, ou até mesmo se o prefere utilizar no supermercado.
Cartão refeição como estratégia de retenção de talentos
Num mercado onde o turnover voluntário tem aumentado, especialmente em setores como tecnologia e serviços, investir em retenção tornou-se imperativo.
Principalmente se considerarmos que o custo de substituir um trabalhador pode variar entre 50% a 200% do seu salário anual (inclui recrutamento, formação, perda de produtividade e impacto na equipa).
Logo, o cartão refeição funciona como pilar na estratégia de retenção, ao criar valor visível diariamente.
Enquanto um aumento salarial pode diluir-se facilmente no orçamento mensal, o mesmo valor em cartão refeição é utilizado regularmente. E um trabalhador que receba um montante em cartão refeição isento está, efetivamente, a receber mais valor líquido do que se recebesse o equivalente em salário bruto tributado.
Para pequenas e médias empresas, que não conseguem competir salarialmente com grandes corporações, o cartão refeição permite, desta forma, oferecer um pacote compensatório competitivo.
A equidade interna é outra vantagem estratégica do cartão refeição. Ao atribuir o mesmo benefício a todos (ou valores proporcionais ao tempo de trabalho), a empresa evita perceções de injustiça.
Vantagens fiscais para empresas e funcionários
A estrutura fiscal portuguesa torna o cartão refeição particularmente vantajoso para ambas as partes da relação laboral.
Para as empresas, os valores pagos através de cartão refeição até €10,20 por dia estão, como vimos, isentos de tributação. O que representa uma poupança de 23,75% comparativamente ao mesmo valor pago em salário. A juntar a isto, estes custos são totalmente dedutíveis fiscalmente como despesa operacional.
Partilhamos um exemplo prático: uma empresa com 50 trabalhadores que trabalham 22 dias por mês e recebem €9 por dia em cartão refeição.
- Custo mensal total: 50 × 22 × €9 = €9.900
- Contribuição para Segurança Social que seria paga se fosse salário: €0 (vs. €2.351,25)
- Poupança anual em contribuições: €28.215
Para os trabalhadores, a vantagem fiscal é igualmente significativa. Para um trabalhador que receba €200 mensais:
Cenário 1 – Subsídio em dinheiro:
- Valor bruto: €200
- IRS e SS (estimativa de 25% de taxa efetiva): -€50
- Valor líquido recebido: €150
Cenário 2 – Cartão refeição:
- Valor carregado: €200
- Tributação: €0
- Valor disponível para utilização: €200
O trabalhador “ganha” efetivamente €50 mensais (€600 anuais) simplesmente pela forma como o benefício é estruturado.
Se analisarmos o retorno do investimento, considerando a redução de turnover, os números são ainda mais impressionantes. A poupança em custos de recrutamento e formação supera largamente o investimento no benefício.
Como implementar o cartão refeição na sua empresa: guia prático
A implementação eficaz do cartão refeição exige um planeamento cuidado, em cinco etapas fundamentais.
- Avaliação e planeamento
Comece por analisar o orçamento disponível e quantos trabalhadores serão abrangidos. Defina o valor diário considerando não apenas o mínimo legal, mas as práticas do mercado no seu setor.
- Seleção do fornecedor de cartão refeição
Deve basear-se em critérios objetivos. Em primeiro lugar, a rede de aceitação é crucial. Depois, compare as taxas de gestão cobradas pelos diferentes operadores, que podem variar entre 3% e 7% do valor carregado. Avalie também a tecnologia disponível e, muito importante, negocie as condições, especialmente se tiver uma equipa numerosa.
- Enquadramento legal e contratual
O cartão refeição deve ser formalizado através de alteração aos contratos individuais de trabalho. Defina claramente como é calculado (por dia efetivamente trabalhado, excluindo férias, faltas e dias de fim de semana) e esclareça situações específicas (como trabalhadores em part-time ou períodos de baixa médica). Esta clareza facilita a gestão administrativa.
- Comunicação interna
Fundamental para maximizar o impacto do benefício. Organize uma reunião ou envie uma comunicação detalhada, explicando o novo benefício e quais as vantagens fiscais. Cabe ao departamento de RH tornar esta vantagem explícita.
- Gestão administrativa contínua
Estabeleça um processo claro para o carregamento mensal dos cartões. Incluindo quem é responsável, até que data deve ser feito e como são controlados os dias de trabalho efetivos de cada trabalhador. Integre este processo com o sistema de processamento salarial para garantir consistência.
Cartão refeição e trabalho remoto: desafios e soluções
O teletrabalho trouxe novas questões sobre o subsídio de alimentação, que, por si, não é obrigatório por lei. Deve ser pago da mesma forma? E como deve ser calculado no trabalho híbrido?
Nestes casos, a tendência tem sido manter o benefício integral, simplificando a gestão e evitando desigualdades.
A questão da equidade entre equipas totalmente remotas e presenciais merece, porém, atenção estratégica. Se a sua empresa tem trabalhadores que nunca trabalham presencialmente, avalie se faz sentido oferecer benefícios alternativos ou complementares.
A flexibilidade nas políticas de benefícios torna-se, pois, essencial. Em vez de regras rígidas que geram burocracia desnecessária, desenvolva políticas que reconheçam as diferentes realidades dos seus trabalhadores.
Factorial: Simplifique a gestão do cartão refeição e outros benefícios
Gerir manualmente o cartão refeição consome tempo valioso. Tempo que a equipa de RH poderia dedicar a iniciativas estratégicas.
A Factorial disponibiliza uma solução integrada que automatiza completamente este processo.
O software:
- Calcula automaticamente os dias de trabalho efetivos de cada trabalhador, descontando férias, faltas, fins de semana e feriados;
- Integrado com o sistema de assiduidade e gestão de ausências, elimina erros humanos e garante que cada pessoa recebe exatamente o valor a que tem direito;
- Gera relatórios detalhados dos custos mensais com benefícios, facilitando o controlo orçamental e a tomada de decisões informadas;
- Permite aos gestores de RH acompanhar em tempo real todos os benefícios atribuídos, identificar padrões e otimizar políticas.
Ao centralizar a gestão de benefícios como o cartão refeição numa única plataforma, a Factorial reduz drasticamente o tempo administrativo e minimiza erros que podem gerar insatisfação e custos desnecessários.
Consequentemente, liberta a equipa de RH para se concentrar no que realmente importa: desenvolver estratégias que atraiam, desenvolvam e retenham talento.
Em suma:
O cartão refeição transcendeu há muito a sua função básica para se tornar uma ferramenta. Quando implementado estrategicamente e gerido eficientemente, o retorno do investimento é óbvio e a implementação não precisa de ser complexa.
Com o suporte de ferramentas especializadas de gestão de RH, o processo torna-se simples e os ganhos manifestam-se rapidamente. Se ainda não oferece cartão refeição ou se o processo atual está a consumir demasiados recursos da sua equipa, é altura de reavaliar.