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Como a Glovo gere o teletrabalho durante a quarentena

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5 minutos de leitura
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Nesta semana, na nossa série de entrevistas com gestores e grandes profissionais, do mercado português, entrevistamos Ricardo Batista, country manager da Glovo para Portugal. Como já deve saber, a Glovo é uma das maiores companhias de delivery do mundo e, neste ano, se converteu em uma empresa unicórnio (uma startup que possui avaliação de preço de mercado no valor de mais de mil milhões de dólares).  

Além de ser uma das empresas que revolucionou o consumo ao redor da europa, através do seu serviço, a Glovo também inova no seu sistema de gestão do trabalho remoto. Através de uma cultura online que valoriza o teletrabalho, a mudança nos tempos de quarentena não foi difícil. Por isso, a empresa se converteu em um modelo a seguir por outras startups. 

A seguir, leia na íntegra a entrevista que fizemos com Ricardo Batista, country manager de Portugal e descubra como a Glovo administra o teletrabalho em tempos de quarentena.

Como a Glovo está a gerir a mudança para o trabalho remoto? 

O motivo para o trabalho remoto é um foco de preocupação para todos, atualmente.  A Glovo estabeleceu o teletrabalho para todos os funcionários, com atenção especial para grupos vulneráveis ​​(mulheres grávidas, com uma parceira grávida, encarregados de grupos de risco, funcionários que viajaram recentemente para a área de risco …).

“Toda a equipa portuguesa trabalha em casa, assim como outras equipas, cujo país está numa situação semelhante, como Espanha ou Itália. Temos interagido como se estivéssemos todos juntos”

Lembramos às pessoas para parar de trabalhar a partir das 20h e que dediquem tempo às famílias, a si mesmos, lendo, praticando desporto, ouvindo música … Como sabemos que quando as pessoas trabalham em casa, é mais provável prolongar as horas de trabalho. 

Também iniciámos um programa voluntário, para todos os funcionários da Glovo, em todo o mundo, para que possam fazer aulas de vídeo de diferentes temáticas, como ioga, culinária, crossfit, idiomas como árabe ou italiano e até músicas, como piano ou guitarra. 

Também continuamos a dar dicas sobre como melhorar a produtividade em casa através dos nossos diferentes canais de comunicação interna. Neste plano também criámos grupos diferentes para as diferentes circunstâncias dos funcionários, para que eles possam receber dicas de outros funcionários que estão na mesma situação. 

Por exemplo, há um grupo sobre como trabalhar em casa e também com crianças em casa; onde dicas diferentes são compartilhadas. Somos um grande grupo de pessoas e sentimos que todos nós podemos contribuir para ajudar os outros a enfrentar a atual situação da melhor maneira possível. 

Também temos nossos canais internos abertos, caso algum funcionário precise de mais informações ou dicas sobre como trabalhar. Os nossos funcionários também podem utilizar todo o material do escritório em casa, ou seja, levar os computadores, ecrãs e teclados. Se necessário; a nossa equipa de TI continua a oferecer suporte para aqueles que possam ter problemas técnicos.

Como a Glovo viveu o processo de ser totalmente digitalizada? O que já era feito antes e que vos ajudou neste momento?

Estamos muito habituados a trabalharmos e colaborarmos com vários colegas nossos, em todo o mundo, à distância, e consideramos que essa experiência foi fundamental para uma passagem para o teletrabalho sem atritos. 

Sentimos que esta situação não afetou a produtividade, pois todas as nossas reuniões regulares são mantidas e realizadas por videochamada, para que possamos continuar a interagir com as equipas e sentir-nos como se estivéssemos todos juntos. Além disso, como referi anteriormente, temos desenvolvido várias iniciativas para nos mantermos todos motivados e focados na nossa missão. 

Para si, quais são as principais iniciativas que os gestores podem tomar para incentivar os funcionários neste momento tão delicado?  

Conforme referi na resposta anterior, reforçámos o nossos compromisso em termos de segurança e, neste momento, queremos sobretudo passar uma mensagem de confiança. Estamos a prestar um serviço, que traz valor à população, que importa, e os nossos colaboradores têm perfeita noção desta questão. 

A comunicação com os colaboradores é permanente e a mensagem, que lhes passamos, é que este é um período difícil para a todos, mas que estamos lá para eles e a procurar formas de fazê-los sentirem-se o melhor possível, apesar da situação. Tentamos também apoiar, conforme referi, incentivar o intercâmbio de ideias entre eles para todos contribuirmos para uma melhoria do estado de espírito e sejamos transmissores de boas dicas para ajudar no dia a dia, individualmente ou em família, especialmente com crianças. 

Naturalmente que todos temos as nossas dificuldades particulares, mas sendo uma equipa multicultural, a facilidade em trazer soluções e sugestões diferentes é muito frequente e ajuda naturalmente a tornar este período menos difícil. 

O que acredita que é essencial para uma gestão eficiente de pessoas daqui para frente?  

Esta situação convoca-nos a todos capacidade de nos adaptarmos, de continuarmos a trabalhar para sermos eficientes, apesar do estado atual de emergência. Acreditamos que é fundamental mantermos a motivação e procurarmos avançar com o nosso trabalho e concretização das melhores acções, para ajudarmos  a empresa e os nossos funcionários a enfrentarem esta situação excepcional. Estas diferentes acções de apoio que realizamos procuram precisamente manter essa motivação, mas também a disponibilidade dos nossos funcionários em contribuir para a sociedade, para que a situação volte à normalidade novamente.

Notou alguma mudança na produtividade da empresa e dos funcionários desde que começou a trabalhar remotamente?

A produtividade não foi afetada. Apoiamos permanentemente os nossos funcionários, para que eles possam enfrentar esta situação da melhor maneira possível. A nossa prioridade interna é mantê-los motivados e confortáveis, apesar dos tempos difíceis. Vivemos situação sem precedentes e por isso procuramos fazer o nosso melhor em todos os sentidos, mas teremos de ver como a situação evolui para nos adaptarmos a ela.

Para finalizar, sabemos que Portugal se tornou um dos principais polos de tecnologia na Europa. Para si, quais são os principais desafios e os próximos passos das empresas portuguesas depois que esta fase terminar?

Os nossos hubs estão localizados na Polónia e em Barcelona, onde estamos sediados. Naturalmente que acreditamos no talento ao nível das tecnologias em Portugal e, sobretudo, no ambiente propício à instalação de startups, desde a qualidade de vida à qualidade da formação nas universidades e politécnicos portugueses. 

Portugal, sobretudo Lisboa e Porto, são cidades que foram recém-descobertas a nível global e cujo pulsar cresce a cada dia. Estamos agora num hiato em termos de evolução, naturalmente, mas haverá uma retoma e quando o mercado estiver mais maduro, a criação de novos hubs será novamente equacionada pela Glovo, naturalmente. Ainda recentemente a Glovo escolheu um unicórnio português para efetuar os serviços de atendimento ao cliente, conta com o software na cloud da Talkdesk. 

Somos uma empresa de tecnologia e apreciamos verdadeiramente o talento de outras empresas do setor com quais procuramos sempre fazer parcerias. Atualmente, não nos é possível efectuar projecções ou previsões, pois, como referi anteriormente estamos perante uma situação excepcional e desconhecida. Por isso temos de ter a serenidade para perceber como ela evolui para planearmos as nossas iniciativas futuras. Atualmente, estamos totalmente focados em apoiar os nossos utilizadores, parceiros, estafetas e funcionários a ultrapassar esta situação.

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