Carolina Madaleno é um talento emergente no sector de RH português. Conquistou o prémio ‘Talento Jovem’ de Recursos Humanos de 2019. Este ano deu asas a um movimento corrente de entre-ajuda no LinkedIn que se tornou viral, que poderá ver aqui. Hoje temos o prazer de conhecer melhor a pessoa por detrás da ‘People Person’.
Antes demais Carolina, podes explicar-nos qual foi o processo que te levou a esta ideia?
Resumidamente, esta ideia surgiu numa noite em que não dormi muito bem. Pouco depois de saber que tinha ficado sem trabalho. Naturalmente, após recebermos uma notícia mais adversa, acabamos por ficar mais pensativos, questionamos quais são os próximos passos a dar na nossa vida. Como consequência, foi precisamente nessa noite em que me pus a pensar:
“Como é que posso ajudar outras pessoas que estejam na mesma situação que eu?”
Inicialmente pensei fazer uma publicação no LinkedIn, escrevendo abertamente sobre mim e sobre a procura por um novo desafio profissional. No entanto, sendo uma ‘people person’, faria todo o sentido alargar este pensamento para a minha rede de contactos profissionais. Pelo menos, tentar ajudar o maior número de pessoas que se encontrassem em situações semelhantes à minha. Não sabia se ia correr bem ou mal, mas no limite tentei ajudar os outros.
De alguma forma ‘previste’ que essa publicação fosse ressonar com tantos profissionais?
Normalmente não costumo publicar muitas coisas no LinkedIn, mas esta publicação teve um alcance de 94 mil visualizações, estonteante. Desde então, tenho recebido muitos contactos de pessoas que se encontram sem trabalho e me pedem dicas sobre como estar numa entrevista. se posso rever os seus CVs ou dar aconselhamento profissional. No fundo, este gesto deixou-me feliz porque…
“…deu-me a oportunidade de ver outras pessoas felizes!”
E desde que fizeste a publicação, tiveste a oportunidade de acompanhar algo caso de forma mais próxima?
Infelizmente ainda não tive a oportunidade de acompanhar todas as pessoas que participaram na publicação, por duas razões:
Primeiro, considero que dois meses é um período relativamente curto para poder avaliar o impacto da procura de trabalho das pessoas, pois, pelo menos na área de Recursos Humanos. Nos meses de Março e Abril não verifiquei que houvessem muitas ofertas de trabalho, sobretudo devido à pandemia. Por outro lado, não pretendo ser intrusiva na vida das pessoas e dar-lhes algum tempo para procurarem um novo desafio é essencial.
Ainda assim, sem dúvida que no futuro irei fazer um follow-up a cada uma das pessoas para saber como estão, se já têm algum novo desafio e, principalmente, saber se posso ajudá-las com alguma coisa!
Numa entrevista mencionaste a importância de manter uma boa atitude e, no fundo ser uma ‘People Person’. Tens algum conselho sobre como manter esse mindset?
Claro que sim! O primeiro passo para manter o positivismo é, talvez, conhecer-se a si mesmo e saber responder a perguntas como ‘O que é que me faz feliz?’, ‘Quem é que eu sou?’, ‘O que é que posso melhorar em mim?’.
Numa ótica mais pessoal, como me considero uma pessoa relaxada, a minha abordagem passa muito por levar as coisas de forma descontraída. Isto basicamente para simplificar e relativizar situações mais complicadas. Já num contexto de RH, penso que o nosso papel passa por conhecer a pessoa que está a contar com o apoio de Recursos Humanos. Bem como fazer perceber que de facto RH está aqui para dar todo o apoio necessário. Por outras palavras, mostrar que estamos estrategicamente posicionados para apoiar os nossos companheiros de trabalho, sempre de forma amigável e profissional. O que basicamente se resume a ser uma people person.
Relativamente a ‘truques’ para nos mantermos positivos e felizes, especialmente no contexto atual de pandemia, o primeiro é adaptar-nos ao meio. Isto, porque, alguém que esteja ‘confinado’ num apartamento tem um ambiente diferente de outra pessoa que esteja numa casa com jardim ou numa envolvente que permita outro tipo de dinâmicas e atividades.
No fundo, o importante é encontrar formas originais e construtivas de adaptar o dia-a-dia ao ambiente que nos rodeia. Por exemplo, no meu caso, vim para o campo, tenho dedicado tempo algumas coisas como jardinagem, pintura e costura. Podem parecer atividades totalmente aleatórias, mas na realidade são coisas em relação às quais sempre gostei mas que nunca tive tempo para explorar, e por isso me divertem e ocupam parte do tempo atualmente.
“Essencialmente, são um conjunto de práticas que se traduzem em dinâmicas de bem-estar mental e psicológico.”
Dentro do contexto profissional atual, qual consideras ser o papel das equipas de RH e das ‘People Person’ neste momento?
Primeiro, há que ter em conta este momento difícil por que estamos a passar. Mexe com despedimentos, não-renovações de contratos e lay-offs. Afecta os colaboradores, pois não sabem o que lhes pode acontecer ou como será o dia de amanhã. Nestes casos, os RH. Ou ‘Pessoas que gerem Pessoas’ , nome que prefiro designar para este departamento’. Têm que transparecer ao máximo e comunicar continuamente o estado da empresa e o que se irá fazer futuramente. Isto, porque, se estivermos todos informados sobre o que irá acontecer, à partida, também teremos mais claro o que fazer e não estaremos tão vulneráveis em relação a eventuais surpresas.
Por outro lado, devemos acompanhar os colaboradores, compreender os seus medos e fragilidades. Isto é, mais do que sermos ‘psicólogos’, temos que ser ‘o braço amigo’ para questões efetivamente importantes.
Finalmente, temos que manter uma cultura de entre-ajuda, colaboração e união, vital para um sorriso diário. Se sentirmos que estamos a lutar pela mesma causa, então o nosso dia-a-dia será muito melhor.
Carolina, muito obrigado pelo teu tempo e disponibilidade, antes de terminarmos, há alguma coisa que gostasses de saber?
Sim. Por curiosidade, como é a que a Factorial tem passado este momento de maior austeridade?
Penso que no nosso caso em particular, sendo um Sotfware de Recursos Humanos. Nos últimos meses tornou-se aparente a necessidade e o impacto que podemos ter numa empresa. Isto porque agora que cada vez mais se opta pelo teletrabalho. E consequentemente, para uma empresa é vital haver uma ferramenta que permita gerir os seus colaboradores. Isto aplica-se tanto a facetas como controlo de horário, como avaliação de desempenho, pedidos de férias e muitas outras coisas. No fundo, a mediação que a plataforma da Factorial faz passou de ser um luxo, a ser uma necessidade.
Caso queira ver este conteúdo em vídeo, deixamos abaixo a entrevista que fizemos com a Carolina Madaleno sobre o assunto.