A metodologia Kanban surgiu na década de 1940, quando a Toyota introduziu este sistema como parte da sua estratégia de produção. O objetivo era simples: implementar um método visual para controlar os níveis de stock e o progresso da produção em tempo real. Com o passar do tempo, os princípios do Kanban foram adaptados para contextos fora da produção industrial, especialmente no desenvolvimento de software e, mais recentemente, na gestão de projetos.
Princípios fundamentais e vantagens da metodologia Kanban
Ao contrário de abordagens mais rígidas, o Kanban promove uma maior agilidade e capacidade de adaptação às mudanças. Os seus princípios fundamentais incluem:
- Visualizar o trabalho
O primeiro princípio do Kanban é tornar o trabalho visível. Isto é feito, geralmente, através de um quadro dividido em colunas que representam diferentes fases do processo, como A Fazer, Em Progresso e Concluído. Cada tarefa é representada por um cartão, o que permite às equipas compreenderem rapidamente o estado atual do fluxo de trabalho.
- Limitar o trabalho em progresso (WIP)
Um dos conceitos centrais da metodologia é limitar o número de tarefas que estão a ser executadas ao mesmo tempo. Isto ajuda a prevenir o excesso de trabalho e a garantir que o foco está na conclusão eficiente das tarefas prioritárias.
- Gerir o fluxo de trabalho
Monitorizar o movimento dos cartões no quadro Kanban permite detetar bloqueios e zonas de ineficiência. O objetivo é manter um fluxo de trabalho contínuo, previsível e estável.
- Tornar as políticas de processo explícitas
As equipas devem documentar e comunicar claramente as regras que regem o trabalho. Isto promove uma colaboração transparente e garante que todos estão alinhados.
- Implementar ciclos de feedback
A metodologia Kanban defende a realização de reuniões opcionais regulares de acompanhamento, como reuniões diárias ou retrospetivas, para refletir sobre o desempenho e encontrar oportunidades de melhoria.
A adoção da metodologia Kanban traz múltiplas vantagens para as organizações, tanto do ponto de vista operacional como estratégico:
- Melhor gestão de prioridades
Com a limitação do WIP e a clareza nas tarefas em execução, torna-se mais fácil identificar o que realmente importa e garantir que os recursos estão a ser usados de forma eficaz.
- Redução de tempos de espera e desperdício
Ao identificar pontos de bloqueio, as equipas conseguem agir rapidamente para os eliminar, o que resulta numa redução significativa do tempo de entrega e no aumento da produtividade.
- Maior agilidade organizacional
A flexibilidade do Kanban permite às empresas adaptarem-se rapidamente a mudanças no mercado ou a novas exigências dos clientes, sem necessidade de reformulações complexas dos processos.
- Colaboração e autonomia das equipas
O Kanban promove uma cultura de responsabilidade partilhada, onde cada membro da equipa sabe exatamente o que está a fazer, como contribui para o objetivo comum e onde pode ajudar.
Como funciona o Kanban na prática e como implementá-lo na sua empresa
O quadro Kanban
O quadro Kanban é a espinha dorsal da metodologia e pode ser físico (com cartões e post-its) ou digital, dependendo das necessidades da equipa e da empresa. Cada coluna no quadro representa uma fase do processo de trabalho, e cada tarefa ou item de trabalho é representado por um cartão. As fases mais comuns incluem:
- A Fazer: onde estão as tarefas que ainda não foram iniciadas.
- Em Progresso: contém as tarefas que estão a ser executadas no momento.
- Concluído: para onde as tarefas terminadas são movidas.
À medida que as tarefas se movem de uma coluna para outra, a equipa pode visualizar claramente o estado atual de cada tarefa e do processo como um todo.
Limitação do trabalho em progresso
Uma das principais funcionalidades da metodologia Kanban é o conceito de limitar o trabalho em progresso, o que significa que a equipa define um número máximo de tarefas que podem ser executadas ao mesmo tempo. Por exemplo, se a coluna “Em Progresso” tem um limite de 3 tarefas, isto assegura que a equipa se concentre nas tarefas em mãos antes de iniciar novas. Esta abordagem ajuda a evitar sobrecarga e melhora a gestão de prioridades.
Feedback constante e melhoria contínua
Outro aspecto fundamental do Kanban na prática é o ciclo de feedback contínuo. Para garantir que o processo está a ser executado de forma eficiente, as equipas devem realizar reuniões regulares (diárias ou semanais) para rever o progresso, analisar o fluxo de trabalho e identificar oportunidades de melhoria. Este ciclo de feedback também envolve reuniões de retrospetiva, onde a equipa pode avaliar o desempenho do processo e fazer ajustes para aumentar a eficácia.
Como implementar o Kanban na sua empresa
A implementação do Kanban numa empresa pode ser feita de forma gradual e adaptada às necessidades da equipa e da organização:
1. Compreender os objetivos da equipa
Antes de começar, é importante compreender quais são os objetivos da equipa e da empresa em relação à gestão de projetos. Se o objetivo for aumentar a produtividade, melhorar a colaboração entre as equipas ou reduzir o tempo de entrega, isto ajudará a definir a estrutura inicial do quadro Kanban.
2. Criar um quadro Kanban
O próximo passo é criar o quadro Kanban, que pode ser físico ou digital. Se optar por uma solução digital, muitas plataformas de gestão de projetos, como a Factorial, oferecem a possibilidade de adotar funcionalidades como notificações automáticas, atribuição de tarefas, controlo de prazos e monitorização do fluxo de trabalho.
3. Definir as fases do processo
Uma vez criado o quadro, é necessário definir as fases do processo que as tarefas irão atravessar, que pode variar conforme a natureza do trabalho e os projetos em questão. As fases mais comuns são: A Fazer, Em Progresso, e Concluído, mas é possível personalizá-las de acordo com as necessidades da empresa, como adicionar Em Revisão, A Aguardar Aprovação, etc.
4. Definir o limite de WIP
Com base no volume de trabalho e nas capacidades da equipa, defina o limite de trabalho em progresso. Este limite ajudará a evitar sobrecarga e a manter o foco nas tarefas prioritárias. Ao limitar o WIP, a equipa poderá garantir que está a concentrar-se nas tarefas mais urgentes e que o fluxo de trabalho é contínuo.
5. Atribuir tarefas e responsabilidades
Uma vez que o quadro e os limites de WIP estejam definidos, as tarefas podem ser atribuídas à equipa. No contexto de plataformas digitais como a Factorial, é possível visualizar quem está responsável por cada tarefa, o seu prazo e a fase do processo em que se encontra. Atribuir responsabilidades claras é fundamental para garantir uma gestão eficiente de tarefas.
6. Monitorizar métricas
Uma boa prática é acompanhar métricas como:
- Lead time: o tempo total desde o pedido até à entrega da tarefa;
- Throughput: o número de tarefas concluídas num período;
- Taxa de bloqueios: frequência com que as tarefas ficam paradas.
O Kanban não precisa de funcionar isolado. Pode (e deve) ser integrado com outras ferramentas de recursos humanos, gestão de tempo, avaliação de desempenho ou comunicação interna. A Factorial oferece um ecossistema completo que permite integrar quadros Kanban com calendários, folhas de horas, objetivos e avaliações, criando um ciclo de gestão de projetos verdadeiramente completo.