Cada vez mais pessoas acreditam que o futuro se escreverá com uma liderança no feminino, e a prova disso é que há cada vez mais mulheres líderes no panorama social e laboral.
O dia 8 de Março marca no calendário o Dia Internacional da Mulher, e a Factorial não poderia deixar escapar esta data para evidenciar 8 mulheres líderes. Que além de liderarem equipas nos mais diversos setores, são inspirações para todos os profissionais de RH e do mundo corporativo em geral.
Índice
- Origens do Dia Internacional da Mulher
- Liderança no feminino: o que caracteriza as mulheres líderes
- Liderança no feminino: 8 exemplos incríveis de mulheres líderes em Portugal
- Igualdade de género no mercado de trabalho em Portugal?
- Liderança no feminino: o que podem fazer as empresas para melhorarem a igualdade de género?
Origens do Dia Internacional da Mulher
Não se sabe ao certo quando nasceu o Dia Internacional da Mulher. Os primeiros registos de um dia de celebração dos direitos das mulheres datam do início do século XX. Terá sido celebrado em diversos anos, em datas incertas e em países tão diferentes como os Estados Unidos da América, Alemanha ou Rússia.
Contudo, o objetivo de assinalar a data foi sempre mesmo. Reivindicar a igualdade de género, melhores condições de trabalho e salários melhores para as mulheres.
Mas seria apenas em 1975 que a Organização das Nações Unidas viria a oficialmente instituir o dia 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher. Atualmente, é celebrado em mais de 100 países por todo o mundo, em alguns deles chegando mesmo a ser feriado.
Porque ainda se comemora o Dia Internacional da Mulher?
A causa pode ter mais de 100 anos, mas, lamentavelmente, continua bastante atual. A balança da igualdade de género continua a estar consideravelmente desequilibrada.
As mulheres, ainda hoje, continuam a ter salários inferiores e a trabalhar mais horas. Sofrem, também, mais represálias no que diz respeito à maternidade/parentalidade. Entre outras desigualdades no mercado de trabalho.
Este desequilíbrio terá, ainda, aumentado fruto da pandemia. De acordo com um relatório divulgado pela ONU, a igualdade de género poderá ter regredido 25 anos durante a pandemia.
Tal deve-se à carga maior colocada nas mulheres, no apoio à família e no trabalho, por oposição aos homens.
Assim, assinalar o Dia Internacional da Mulher faz sentido mais do que nunca. É por este motivo continuam a ser organizadas muitas marchas e eventos, espalhados pelo mundo. E é igualmente por isto que é tão importante divulgar os casos das líderes mulheres, que são verdadeiros modelos.
📚 [Artigo] Dia Internacional da Mulher: Mulheres na liderança #ChooseToChallenge
Liderança no feminino: o que caracteriza as mulheres líderes
Está estudado e estatisticamente comprovado que as mulheres possuem fortes capacidades para serem excelentes profissionais. Assumem, também, importantes cargos de liderança com grande êxito.
Segundo um estudo conduzido em parceria pela Caliper (empresa de consultoria de gestão baseada em Princeton, nos Estados Unidos, e que avalia o potencial de mais de dois milhões de candidatos e colaboradores de mais de 25 mil empresas em todo o mundo), e pela Aurora (organização com sede em Londres, que promove mulheres e é composta por uma rede de 20 mil empresárias), as mulheres são dotadas de uma combinação de características que as torna líderes únicas.
Uma liderança no feminino é caracterizada por ser mais assertiva e persuasiva, mas simultaneamente mais flexível, empática e resiliente. Consequentemente, uma liderença no feminino torna uma empresa a ser mais inclusiva, colaborativa, persistente e sem medo de guiar pelo exemplo.
No panorama nacional temos inúmeros casos destas mulheres que dão cartas na liderança no feminino no mundo corporativo.
Liderança no feminino: 8 exemplos incríveis de mulheres líderes em Portugal
Neste dia 8 de Março, traçamos o perfil de 8 inspiradoras líderes femininas, fique a conhecê-las!
1) Alexandra Machado
- Fundadora e CEO da Girl MOVE Academy
Alexandra Machado tem, desde cedo, a capacidade de encontrar soluções criativas para os desafios com que se depara. Tal fez com que, hoje, seja reconhecida como a “problema solver”.
Formada pela Universidade Católica, detém mais de 25 anos de experiência na área corporativa em cargos de liderança. Foi Country Manager da Nike Portugal e Diretora Comercial na Jerónimo Martins, entre outros.
Desde sempre defensora do papel das mulheres como líderes, no mundo empresarial e na sociedade, ganhou particular interesse pela relevância das líderes femininas nos países subdesenvolvidos.
Foi numa viagem a Moçambique que marcou uma mudança na sua vida. Foi aqui que tomou contacto com a importância da liderança feminina. Aí, viu o potencial que as mulheres detinham no desenvolvimento do país e na construção de um futuro melhor.
Esse foi o ponto de partida, em 2012, para a criação da Girl MOVE Academy. Fundada por Alexandra, promove a igualdade de género e o empoderamento das jovens mulheres, através de modelos educativos e de mentoria. Desta forma, é quebrado o ciclo da pobreza e das desigualdades socioeconómicas.
O trabalho levado a cabo pela Girl MOVE Academy valeu ao projeto um prémio da UNESCO para a educação das raparigas e mulheres em 2021. Sempre sob a direção de Alexandra, que diz acreditar firmemente na liderança como um ato de amor.
📚 [Entrevista] Desenvolvimento de lideranças: Entrevista com Mariana Lopez
2) Carolina Salgueiro Pereira
- Ativista dos Direitos Humanos e da Igualdade de Género
Carolina Salgueiro Pereira é uma mulher de muitos projetos. Entre eles, é fundadora do #HeForShePortugal, responsável pelo movimento nacional defensor da igualdade de género, dos direitos da mulher e dos direitos LGBTQI+.
À semelhança de Alexandra Machado, foi uma viagem que mudou a vida de Carolina. No seu caso foi uma viagem à India, que a fez despertar para a defesa dos direitos da mulher. Com apenas 20 anos, teve a oportunidade de prestar apoio a mulheres vítimas de violência doméstica e trabalhou com órfãos.
Este trabalho viria a ser reconhecido pela UN Women e ensinou a Carolina a importância da ação no terreno, que complementa com inúmeras e impactantes conferências TEDx, dedicadas ao feminismo e aos direitos humanos, onde partilha as suas experiências na linha da frente.
Colaborou, também, com diversas organizações. Entre elas estão Nações Unidas, na campanha #Act4SDGs, mobilizadora de mais de 21 milhões de pessoas em 180 países. Mas da lista também fazem parte o Parlamento Europeu, a Right Livelihood Foundation e o Conselho da Europa.
Usa os media e diversas plataformas para divulgar as suas causas, sendo autora do podcast “Mudam-se os Tempos”.
O seu lema é simples, mas poderoso: “deixar o mundo melhor do que o encontrámos”.
📚 [Artigo] A importância da Diversidade no âmbito laboral
3) Cátia Sá Guerreiro
- Docente da AESE Business School e Gestora de Projeto no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT)
Cátia Sá Guerreiro iniciou o seu percurso profissional como enfermeira. Ao longo do tempo, viria a construir um currículo exemplar na área da saúde ligada à cooperação internacional.
Trabalhou em vários serviços do setor público e privado na área da pediatria e foi enfermeira voluntária numa ONG portuguesa. No continente africano participou em missões humanitárias em vários países, desde o Zimbabwe, a Angola, de São Tomé à Guiné-Bissau.
O trabalho desenvolvido na linha da frente fez com que trouxesse essa experiência na bagagem para Portugal. A realidade que encontrou nesses locais levou-a a dedicar-se à investigação e ao ensino dentro do setor socioeconómico.
Presentemente, é docente na AESE Business School. Desde 2014, é responsável pela direção do GOS – Programa de Gestão de Organizações Sociais e codirige o Programa de Liderança no Feminino “One Steap Ahead”. Está, ainda, ligada à área de Fator Humano da instituição e faz parte da equipa de Coaching.
Paralelamente ao seu trabalho como docente, colabora com o IHMT em projetos de Cooperação e Investigação em Saúde Internacional.
📚 [Entrevista] Gestão de Pessoas e Liderança: com Luís Decq Mota
4) Irene Vieira Rua
- Diretora de Recursos Humanos do Doutor Finanças e Membro Efetivo do Corporate Happiness Board
Irene Vieira Rua é conhecida por ser “a pessoa das pessoas”. Acredita que é nas pessoas e só nas pessoas que está a resposta.
E é por esta ser a sua paixão que a Psicologia foi o seu ponto de partida, área em que se licenciou, na Universidade Lusófona.
Detém uma pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento Estratégico de Recursos Humanos (ISLA) e outra em Gestão Integrada de Sistemas (SGS). Ao nível académico, completou ainda um executive master em Project Management (Universidade Europeia).
O seu caminho profissional levou-a por empresas como a Indra Sistemas, durante 10 anos, até passar para o Doutor Finanças.
No Doutor Finanças, onde é diretora de Recursos Humanos, desempenha uma gestão de proximidade. Orienta-se pelos princípios da confiança e transparência, da diversidade e da igualdade de oportunidades.
Não se recorda de querer enveredar por outro mundo que não fosse o das pessoas. Para si, as pessoas são genuinamente o principal ativo das empresas.
5) Isabel Moço
- Coordenadora e docente da Universidade Europeia
Há três décadas que tem como missão profissional desenvolver pessoas e negócios. A sua missão pessoal é realizar-se e realizar, no mínimo que faça.
Isabel Moço é coordenadora e Professora da Universidade Europeia e embaixadora da Aliança ODS Portugal. Antes, passou pelo Instituto de Informação em Recursos Humanos, pelo movimento Pessoas@2020 e pela SGS (dedicada à inspeção e certificação).
Formou-se em Sociologia, no ISCTE, licenciatura que complementou com uma pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos.
Mas o seu percurso académico inclui mais etapas, sempre ligadas aos Recursos Humanos. Fez um mestrado em Gestão de RH (componente letiva) e um Doutoramento em Ciências Sociais, RH e Comportamento Organizacional (curricular).
Tem dois lemas profissionais. “Se posso, não preciso que me peçam nem que me mandem” e “Quando o jogo de xadrez termina, o peão e o rei vão para a mesma caixa”.
📚 [Entrevista] Leia a entrevista sobre Insegurança laboral com Isabel Moço
6) Susana Barros
- Consultora de estratégia e liderança, Professora convidada na Porto Business School
Susana Barros soube dar a volta às dificuldades que enfrentou na sua vida.
Foi um problema de saúde que a obrigou a abrandar drasticamente o seu ritmo de trabalho. Consequência disso, teve de sair da primeira linha do mundo corporativo para se tornar empreendedora e mentora. Para trás deixou um percurso feito na Procter & Gamble e a Sonae.
Com 25 anos de experiência em funções de liderança e planeamento estratégico, atualmente trabalha como consultora interna. Tem como missão profissional ajudar empresas B2B a atingirem um crescimento rentável e sustentável no longo prazo.
Junto das empresas com que trabalha, realiza workshops, mentorias e palestras, sempre numa abordagem bastante prática. O seu foco está nas áreas do Planeamento Estratégico, Marketing, Vendas, Desenvolvimento de Produto, Internacionalização e Gestão de Mudança.
Como prolongamento do seu trabalho direto com empresas, dá aulas na Porto Business School, onde fez o seu MBA. Rematando o seu leque de atividades, é ainda Coach certificada em Programação Neurolinguística.
📚 [Artigo] Liderança transformacional: Tudo o que precisa de saber
7) Teresa Martins
- Gestora de Recursos Humanos da Nespresso
Teresa Martins assumiu desde cedo cargos profissionais de chefia. Se tivéssemos de escolher as palavras-chave do seu currículo, seriam desenvolvimento de liderança, desenvolvimento organizacional e visão estratégica.
A sua carreira construi-se, maioritariamente, nas áreas do retalho, FMCG e telecomunicações. Foi nessas áreas que passou por empresas determinantes para si, como a Adecco, a Siemens, a Nokia e a Nestlé. E é dentro do grupo Nestlé que, desde 2007, assume a função de Gestora de RH.
Especializou-se em programas de desenvolvimento de liderança, na gestão de talento e na avaliação de competências. Adicionalmente, criou ferramentas de RH e novas soluções de recrutamento.
Licenciou-se na Universidade Lusíada de Lisboa, em Gestão de Recursos Humanos e é, também, Coach certificada.
8) Susana Coerver
- Diretora de Marketing da Jerónimo Martins Meal Solutions
Susana Coerver nunca viu a sua carreira profissional como uma linha reta. Sempre a encarou como uma série de projetos que a desafiam e com os quais tem a possibilidade de aprender. Talvez isso explique o seu percurso.
Começou na área da publicidade, em 1999, em diversas agências nacionais, tendo mais tarde rumado ao Brasil. Aí, continuou a trabalhar em agências, nomeadamente no grupo WPP.
Regressou de seguida a Portugal, para abraçar o desafio de trabalhar no setor do retalho, na marca Parfois, no Porto. Anos mais tarde, regressou ao seu ponto de partida, assumindo o cargo de CEO da Fuel, agência do Grupo Havas.
Mas voltaria a trocar, novamente, a publicidade pelo retalho. Desde o verão de 2021, é a nova Diretora de Marketing da Meals Solutions, do grupo Jerónimo Martins.
Diz-se pessoalmente motivada pela criatividade, pela inovação e pela tecnologia, mas, acima de tudo, pelas pessoas.
Enquanto líder feminina, o que a estimula é o empoderamento de equipas.
Encoraja-as a questionar regras organizacionais e a serem curiosas, com o objetivo de encontrar respostas criativas e novas soluções.
Igualdade de género no mercado de trabalho em Portugal?
No Estudo de RH mais recente da Factorial, percebemos que grande parte dos profissionais a trabalhar em cargos de Recursos Humanos em Portugal são mulheres. No entanto, são os homens que têm melhores salários.
Os números não são tão assustadores se os compararmos a décadas passadas. Contudo, são ainda preocupantes para o desenvolvimento e abertura de mentalidades que a sociedade portuguesa naturalmente permitiu abrir espaço. Podemos ver exatamente esta informação no seguinte gráfico:
A disparidade salarial é uma questão que já é discutida há muitos anos, sobretudo pelo seu cariz social e histórico. Nos últimos anos tem sido feito um maior esforço coletivo para que as mulheres ganhem voz nas empresas. E, sobretudo, que lhes seja atribuída confiança para que haja uma liderança no feminino, tanto em pequenas, como grandes empresas.
Mas o que podem fazer as empresas para obterem paridade de oportunidades profisisonais, que benefícios, salários e iniciativas propor? É isso que vamos abordar a seguir.
Liderança no feminino: o que podem fazer as empresas para melhorarem a igualdade de género?
A igualdade de género no trabalho é uma prioridade para qualquer empresa. Mesmo com a ampla participação feminina no mercado de trabalho, as mulheres ainda enfrentam discriminação e dificuldades em manterem os seus empregos.
Nomeadamente em cargos de topo, a dificuldade de acesso a estes postos por mulheres é muitas vezes travado pelo facto de se ser mulher. Por isso, se ainda não implementou ações para promover a igualdade de género na sua empresa, leia as ideias que lhe deixamos a seguir:
- Garanta a paridade salarial: é importante garantir que nenhuma mulher ganhe menos do que um homem fazendo o mesmo trabalho;
- Mude o recrutamento e seleção: permita que os candidatos se candidatem sem indicar o seu género, e mude o mindset dos recrutadores para não realizarem vieses inconscientes e considerarem as mulheres menos aptas – reduza o preconceito de género no recrutamento;
- Crie um programa de liderança feminina: pode utilizar um sistema de quotas, ou programas de formação de liderança para assegurar que as líderes das empresas possam ser mulheres;
- Ofereça flexibilidade: a todos, mas principalmente às mães, pois conseguem conciliar melhor a vida pessoal com a vida profissional;
- Crie um Plano de Igualdade: podemos dar passos pequenos, mas também podemos começar a mudança ao criar um Plano de Igualdade mais abragente. Sabia que só em 2017 é que entrou em vigor um lei que estabelece a representação equilibrada entre homens e mulheres nas empresas e no setor público em Portugal? Fique a saber tudo neste artigo.
Ainda há muito por fazer na área da liderança no feminino, mais concretamente na colocação de mulheres líderes em cargos de topo das organizações. Mas se há coisa que sabemos é que tudo precisa de tempo e criar espaço para a mudança.