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Coaching e Mentoring como métodos de desenvolvimento profissional, com Paula Martins

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7 minutos de leitura
coaching e mentoring entrevista

Com um mercado de trabalho cada vez mais desafiador e diverso, muitos profissionais sentem-se desorientados e indecisos sobre suas carreiras. No entanto, existem algumas técnicas e ferramentas que podem ajudá-los no processo de autoconhecimento e desenvolvimento. Entre estas técnicas, estão o coaching e mentoring, metodologias que estão cada vez mais em alta e que ajudam muitas pessoas no processo de orientação pessoal e profissional.

Com diferentes possibilidades de aplicação, o coaching e o mentoring aparecem como uma forma de desenvolver competências e planear de forma mais eficiente e clara seus objetivos.

Na entrevista desta semana, conversamos com Paula Martins, mentora e coach executiva. Com muitos anos de experiência na área de recursos humanos, ela hoje ajuda profissionais de diferentes áreas a desenvolverem seu potencial e terem mais clareza sobre suas possibilidades no futuro.

Paula nos contou um pouco sobre como decidiu seguir por este caminho e apontou as principais diferenças entre o coaching e mentoring, e como estes métodos auxiliam cada pessoa a alinhar objetivos profissionais e pessoais.

Se tem curiosidade de saber como funcionam estes processos e quando buscar cada um deles, leia a entrevista completa abaixo!

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1) Sua experiência com Recursos Humanos é bastante vasta e diversa. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. E como começou sua relação com coaching e mentoring?

Antes de mais gostaria de agradecer o convite para participar nesta entrevista. É com muito gosto que colaboro convosco e gostaria de vos dar os Parabéns pelo vosso excelente trabalho e pelos conteúdos  de valor que publicam.

Trabalhei durante 26 anos no mundo corporativo na Direção de RH de empresas nacionais e multinacionais. Fiz sempre um percurso de evolução na minha carreira, entrei como administrativa na área de RH num banco de investimentos e terminei a carreira na Direção de RH de uma multinacional corretora de seguros. Sempre estive ligada ao desenvolvimento humano.

Há 6 anos a esta parte (2015) já um pouco cansada do mundo corporativo e com uma enorme vontade de lançar o meu projeto empreendedor, criei o meu próprio negócio na área do Coaching. Atualmente trabalho com empreendedores, empresários e executivos na definição e alinhamento  dos seus objetivos pessoais e profissionais, bem como no desenvolvimento de competências para estarem em “Alta Performance”.

Sempre fiz coaching ao longo da minha carreira profissional.  Como responsável pela área de RH das empresas, a minha missão sempre foi o desenvolvimento das pessoas nas organizações, formação, orientação na carreira e desenvolvimento de competências. Quanto ao Mentoring ele aparece mais tarde, neste meu projeto pessoal.

2) Os conceitos de coaching e mentoring estão cada vez mais em alta, mas muitas pessoas confundem um com o outro. Quais seriam as diferenças entre essas duas práticas e suas principais características?

O Coaching e o Mentoring são ferramentas essenciais para quem quer sair da média, evoluir e alcançar resultados extraordinários. Sem dúvida que estes dois conceitos por vezes são confundidos.

O coaching é uma ferramenta utilizada para desenvolver e promover o desempenho do ser humano, cujo principal objetivo é torná-lo uma melhor pessoa e um melhor profissional, potencializando a sua performance para chegar aos seus objetivos.

O Mentoring é uma metodologia de partilha de know how técnico, do mentor para o mentorado. Um Mentor é alguém que tem experiência numa determinada função e orienta outra pessoa que está nesse mesmo processo pela 1ª vez.

3) Uma dúvida recorrente é qual deve ser a prioridade da organização ao investir em processos de mentoria ou coaching para seus funcionários. Como avaliar se devemos focar em colaboradores mais experientes ou apostar na gestão de talentos promissores dentro da empresa?

A prioridade das organizações deve ser investirem em ambos os processos, pois eles são diferentes. Essa escolha deverá ser feita com base numa análise rigorosa da realidade da organização, dos departamentos, das necessidades, da maturidade dos colaboradores e dos objetivos que a empresa pretende atingir.

No que diz respeito à aposta de colaboradores experientes ou talentos promissores dentro da empresa, mais uma vez a resposta não pode ser uma ou outra; ambos são válidos e importantes dentro de uma empresa, tudo depende da visão da missão e dos objetivos que a empresa pretende alcançar.

4) Com a pandemia, os desafios na gestão de pessoas aumentaram imensamente. Qual a importância destes processos em um momento em que o teletrabalho é cada vez mais parte da realidade?

Na minha perspetiva os desafios na gestão de pessoas sempre existiram, a pandemia apenas veio torná-los mais óbvios, principalmente ao nível da liderança e da produtividade.

Na liderança, o teletrabalho veio dificultar a gestão das equipas à distância. Esta dificuldade torna-se mais notória, muitas vezes pela falta de clareza dos objetivos das empresas, ou por incapacidade do líder de os transmitir e fazer cumprir.

Quando o destino está certo (objetivos claros) o caminho traçado (planeamento) e as pessoas são produtivas, a equipa quase que se autogere sem grandes sobressaltos. Quando estas premissas não estão alinhadas, as coisas não funcionam, nem dentro do escritório, nem fora dele.

No que respeita à produtividade, a necessidade das pessoas conseguirem gerir bem a vida pessoal e familiar também não é novidade. A única variável foi o facto das crianças também estarem em casa e quando elas são pequenas, exige um esforço maior na disciplinadas, no foco e na organização.

5) O mentoring e o coaching também podem ser uma iniciativa pessoal ou devem partir da empresa? Como um profissional pode avaliar se deve ou não investir nestas práticas de forma autônoma?

Quer um processo de coaching, quer um processo de mentoring, quando ele é requerido pela empresa, todo o trabalho é realizado com base nos objetivos que a empresa pretende atingir.

O que não nos podemos esquecer é que os profissionais também têm objetivos, ambições e perspetiva pessoais de carreira, e por isso, devem fazer este alinhamento com a empresa, e a forma de o fazerem, é através de processos e programas de coaching e mentoring por iniciativa própria.

6) Como estes processos auxiliam, na prática, a gestão e retenção de talentos? Quais outras vantagens o mentoring e o coaching trazem para as empresas?

Estes processos ajudam significativamente na aprendizagem de novas competências e na evolução das pessoas, do ponto de vista pessoal e profissional, pelo que tendem a ser valorizados pelos colaboradores.

É sem dúvida um beneficio que a empresa põe ao serviço dos seus recursos humanos. As empresas que investem nestes processos para os seus colaboradores, têm a perfeita noção de quanto custa à empresa ter colaboradores despreparados, improdutivos, conflituosos, com mau relacionamento interpessoal e incapazes de liderar.

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7) De que forma uma empresa pode identificar quais funcionários ou equipas necessitam mais deste tipo de orientação? E como encontrar profissionais e empresas que fazem este tipo de trabalho?

Eu diria que toda a gente devia fazer coaching, é fundamental. No entanto, não podendo esta ferramenta chegar a todos, o critério deverá ser a identificação dos principais desafios da empresa, e das necessidades das pessoas face a esses desafios. Posto isto, há que saber quem precisa de ser treinado e mentorado para conseguir alcançar o que se pretende.

O mercado tem excelentes profissionais que fazem este trabalho com responsabilidade e sentido de missão. No entanto, e como em todas as profissões, também temos aquelas pessoas sem qualificação e competências para tal. Eu diria que, para haver resultados, um Coach e um Mentor têm que ser escolhidos com algum critério e deverão, na minha opinião, ter background na área de gestão de pessoas.

Penso que isso é determinante para se realizar um trabalho sério e com resultados. Como é que se consegue potencializar pessoas, se não se sabe lidar com elas, nem as compreendem? Debitar teoria já não chega, para obter resultados.

8) Talvez um dos assuntos mais comuns com relação à gestão de pessoas seja sobre a questão da liderança nas empresas. De que forma o coaching e mentoring funcionam no caso do desenvolvimento da liderança?

Eu costumo dizer que quanto mais alto é o cargo, maiores são os desafios de quem ocupa esse cargo, ao nível comportamental.

Muitas vezes as empresas não entendem que não basta promover os seus colaboradores a cargos de liderança, há que prepará-los previamente para assumirem essas funções. Os cargos de liderança implicam normalmente o desenvolvimento de outras competências que essas pessoas ainda não têm, pois ninguém nasce ensinado.

O erro está nas empresas assumirem que, pelo facto das pessoas terem qualificações académicas e técnicas, sabem obrigatoriamente liderar. Infelizmente apercebem-se desse erro bem mais tarde, quando perdem dinheiro por más decisões de pessoas despreparadas, e perdem outros talentos que estas pessoas lideravam.

O Coaching é uma metodologia eficaz no desenvolvimento de novas competências para liderar, e o Mentoring na orientação para o sucesso ao longo do percurso.

9) Como se dá a formação de um coach ou mentor? Que habilidades e competências esses profissionais devem ter para que possam ajudar e orientar com eficiência outras pessoas?

Em cada um dos casos, a formação deverá ser dada por uma entidade credenciada e reconhecida. Quanto às habilidades, no caso do Coach, julgo determinante este profissional ter um percurso ligado à gestão de pessoas. No caso do Mentor, julgo imprescindível essa pessoa ter passado pela mesma experiência do mentorado. Ninguém orienta bem um mentorado, se nunca tiver passado por essa experiência. Mais uma vez, a teoria por si só, não basta.

10) Com mais pessoas em regime de teletrabalho, uma das necessidades mais urgentes das empresas foi de digitalizar processos. Na sua visão, qual é a importância da digitalização pra otimizar o dia a dia nas empresas? É importante que o coach esteja informado e atualizado sobre os recursos e novidades do mercado?

Julgo que quanto à inovação e tecnologia é inegável a necessidade de nos adaptarmos todos, sem exceção. Quem não o fizer rapidamente, perde o comboio. Não há mais tempo, é agora, ou perdemos competitividade, quer as pessoas, quer as empresas.

O mundo mudou, as pessoas mudaram a forma como compram e querem as coisas é diferente. Temos que acompanhar esta tendência. O mundo é digital!

Bruna Carnevale é Content Manager da Factorial para os mercados do Brasil e Portugal. Com uma formação diversa em comunicação e línguas, se diz cada vez mais apaixonada pela área de RH e acredita que o acesso à informação de qualidade pode ajudar tornar a gestão de pessoas cada vez mais humanizada e eficiente.

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