Em um momento tão desafiador saber gerir as equipas com sabedoria e eficiência é essencial para manter as empresas produtivas e em atividade. Nos últimos meses, líderes de todo o mundo têm discutido sobre como agir e reagir diante de tantas transformações no mercado e como manter os colaboradores confiantes e motivados mesmo em um contexto tão incerto.
É exatamente aí que entra a gestão de pessoas, processo em que são aplicados um conjunto de conhecimentos e ações que têm como foco gerir os colaboradores das empresas da melhor maneira possível.
Este processo, entretanto, têm sido muito discutido nos últimos meses, afinal a vida pessoal e profissional das pessoas sofreu grandes mudanças, e adaptar a gestão dos colaboradores com base neste contexto é fundamental.
Nessa entrevista, conversamos com Luís Decq Mota, especialista em Gestão Estratégica de Equipas de alta performance, que contou-nos sobre sua experiência com gestão de pessoas e destacou aspetos importantes para uma liderança eficiente e positiva.
Luís avaliou as transformações trazidas pela crise do novo Coronavírus e comentou sobre como o teletrabalho trouxe um alerta sobre a necessidade de adaptar a forma como trabalhos e gerimos pessoas, destacando a importância da liderança humanizada.
Para além disso, ele dá algumas dicas sobre como os Recursos Humanos podem apoiar os gestores nesse momento de crise e como orientá-los para que as equipas mantenham-se motivadas e conectadas com a empresa.
Confira abaixo a entrevista completa!
Sua experiência com Recursos Humanos é bastante vasta e diversa. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. Com quais áreas de RH tem mais contacto hoje em dia?
Eu não sou dos que quis ser sempre RH, pelo contrário. Costumo dizer que vim parar a RH sem querer, mas não podia ter escolhido melhor. Gosto de pessoas, gosto de motivar e extrair o melhor de cada um, sempre olhando para o lado mais positivo de cada pessoa, de cada ação, de cada comportamento.
Tenho a sorte de já ter passado e tocado em quase todas as áreas: Formação, recrutamento, desenvolvimento, payroll, comunicação interna e muito superficialmente em comp&Ben.
A gestão de pessoas envolve um conjunto de práticas que tem como objetivo desenvolver o capital humano da empresa. Como avaliar se devemos investir em colaboradores mais experientes ou apostar na gestão de talentos promissores dentro da empresa?
Eu acredito que o segredo é conseguir combinar os dois targets. Creio que nenhuma empresa vive só de talentos promissores, mas também acredito que uma empresa que não tenha talentos para desenvolver pode correr o risco de se deixar ficar e não trabalhar para se otimizar.
Talvez um dos assuntos mais comuns com relação à gestão de pessoas seja sobre a questão da liderança nas empresas. Como engajar um líder para que ele seja um exemplo para os colaboradores e consiga melhores resultados?
Os líderes treinam-se para melhorarem e ser mais eficazes na gestão das suas equipas e na sua própria gestão.
“Mas acredito que tem que existir uma capacidade natural para liderar e talvez essa capacidade seja “apenas” a genuína preocupação com as pessoas: com o bem estar delas, com a otimização dos resultados de cada uma delas, com o tentar obter a melhor versão de cada um.”
E para isso é vital ser um exemplo: de dedicação, de bondade, de entrega, de disponibilidade e de compromisso.
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Como preparar os gestores para lidar com uma nova geração de colaboradores?
Acima de tudo temos que estar mais perto, temos que acompanhar mais e antecipar ainda melhor os desafios e questões. Temos que entender que estas novas gerações gostam de desafiar a gestão, gostam de poder chegar mais longe, mais rápido e com mais certeza.
A gestão de direção como era, não chega para dar resultados nos anos que se seguem.
“Precisamos de gestores mais próximos, mais naturais e muito mais atentos ao lado humano.”
Qual é a importância de reconhecer as conquistas dos colaboradores? Como valorizar o bom desempenho de uma pessoa?
Vivemos num mundo, pessoal e profissional, onde pouco tempo temos para tudo o que queremos fazer. Por isso, muitas vezes, esquecemo-nos de reconhecer e valorizar pequenas conquistas, pequenos passos e pequenos detalhes. Mas depois queremos pessoas e equipas vinculadas e engajadas. É impossivel!
“É fundamental reconhecer, é importante valorizar e premiar o desempenho.”
E quando falo de premiar, não tem necessariamente que ser um momento com custo/investimento associado.
Em um momento em que o teletrabalho ganha força, é essencial manter as equipas unidas e motivadas. Como treinar os profissionais de RH para lidarem com as equipas neste momento de crise?
Acima de tudo, temos que nos fazer cada vez mais presentes na ausência. Pode ser estranho, mas é isso mesmo que as pessoas precisam. Presença e apoio nesta distância. Gestão e orientação para que o trabalho seja feito, acompanhamento para que nunca se sintam sozinhos e perdidos, compreensão, pela pessoa que é, e pela adaptação necessária que teve a esta nova realidade.
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Na sua visão, qual é a importância da digitalização e da tecnologia pra otimizar o dia a dia dos colaboradores? Como a tecnologia pode contribuir para uma gestão de pessoas mais eficiente?
Isto foi um futuro que se tornou presente à força. Creio que muitas empresas não estavam preparadas para isto, mas a verdade é que também acho que a resposta foi muito interessante. Claro que a tecnologia tem um papel facilitador se for usada e otimizada.
A necessidade de estarmos fisicamente presentes em reuniões é cada vez menor. A obrigatoriedade de estar fisicamente no local de trabalho para ser produtivo também é cada vez menos verdade.
“Com o suporte da tecnologia e tirando o melhor partido da mesma, poderemos caminhar para um tremenda melhoria no equilíbrio vida pessoal vs vida profissional.”
Dentro da área de RH, vemos processos se alterando para se adaptar à uma “nova normalidade”. Que processos de Recursos Humanos acredita que sofrerão as maiores mudanças?
Os processos de onboarding sem dúvida, depois os recrutamentos e por fim as compensações e benefícios.
Já utilizou algum software de recursos humanos antes? Como acha que este recurso pode ser útil para o RH e para a empresa como um todo?
Trabalho com SAP e com success factors. Acredito que são excelentes facilitadores e potencializadores, mas não poderão fazer o que o homem não quer.
“Ou seja, se o lado humano não souber atrair, reter, reconhecer e potenciar, não é o sistema que o fará!”