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Intraempreendedor: o eterno e curioso aprendiz de uma empresa

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7 minutos de leitura
intraempreendedor

Quem é aquela pessoa que está sempre a fazer perguntas e que nunca está saciada com as respostas? Contente com o seu descontentamento, procura novas abordagens e faz algumas “ondas” na Organização. Agita as águas em nome da inovação corporativa. Apresento-vos o intraempreendedor!

O intraempreendedor, esse eterno e curioso aprendiz, tão necessário nas empresas e instituições que se querem (e precisam de se) reinventar. Faz parte de uma espécie que não se pode deixar extinguir, antes pelo contrário. É preciso garantir a sua sobrevivência, trazendo vivacidade e alento à paisagem corporativa.

Curioso? Se sim, continue a ler. Descubra porque é que a curiosidade, além da sua relação com a arte e com a ciência, é acima de tudo uma prática. E uma necessidade real nas organizações.

Tabela de Conteúdos:

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A curiosidade do intraempreendedor pode salvar empresas

Cada vez mais o tema da curiosidade está na ordem do dia. Colaboradores curiosos, procuram-se. Indivíduos que valorizem espaços profissionais que fomentem a chamada aprendizagem ao longo da vida (lifelong learning). Que contribuam para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Interessados e envolvidos em processos de mudança, promovendo-a de forma consistente e deliberada.

Ser um eterno aprendiz e ter uma mente curiosa é fundamental para uma vida profissional plena, recheada de desafios constantes e cada vez menos linear. Sabendo criar e aproveitar as oportunidades que às vezes são invisíveis para “os outros”. Conduzindo as empresas à vanguarda, identificando padrões e explorando tendências, “normalizando” a inovação.

A capacidade de se questionar e analisar o status quo, com pensamento crítico, constituem vantagens competitivas para quem, conscientemente, as praticar. Ter uma mentalidade de principiante, ver com olhos frescos o que já é, pela força do hábito, demasiadamente familiar.

Ser curioso, tal como ser criativo, é uma escolha. Admitir que não se sabe tudo e que pode sempre saber-se mais.

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Curiosidade, naturalmente. Mas não só.

O ser humano é, pela sua própria natureza, curioso. Desde os tempos mais ancestrais que temos provas dadas nesse sentido. Ligado ao instinto de sobrevivência. A saída das “cavernas”, a procura da “luz” e de outras tribos revela esse espírito inquieto, o da necessidade da descoberta e da exploração de outras paragens.

Podemos então distinguir entre curiosidade biológica, aquela que já nasce connosco, e curiosidade epistemológica, aquela que resulta da nossa ânsia de querer saber mais sobre temas concretos, pelos quais temos “sede de conhecimento”. Ou seja, não é o querer saber por saber, frugalmente, mas antes explorar os assuntos que nos apaixonam, interessam e motivam.

Aliado ao “querer saber” e de uma forma mais social, surge a curiosidade empática, aquela que resulta das interações que vamos tendo ao longo das nossas vidas e das relações que vamos estabelecendo – e de como podemos aprender com os outros, socialmente.

E assim nos vamos desenvolvendo, num intrincado de ligações e de formas de aprendizagem que nos permitem sermos uma versão melhorada de nós próprios e, profissionalmente falando, no trabalho que realizamos.

Sabendo que somos um produto inacabado, mantermo-nos curiosos é o ponto de partida numa viagem pessoal e intransmissível, que tem de ser vivida na primeira pessoa.

Intraempreendedor curioso, o conceito de necessidade de cognição

Dá que pensar no assunto, esta necessidade de se procurar saber mais, a “fome de saber”. E de se pensar nas coisas. Cacioppo e Petty (1982) desenvolveram uma escala de 18 itens para medir esta necessidade de cognição, definindo-a como a “tendência individual para empreender e apreciar esforços cognitivos”.

Sumariamente, podemos dizer que se considera nesta escala a existência de três fatores-chave:

  • Empenho no esforço cognitivo (a título de exemplo, “pensar sobre as coisas não é a minha ideia de diversão”);
  • Preferência pela complexidade (exemplo, “prefiro os problemas complexos aos problemas simples”);
  • Desejo pelo entendimento (por exemplo, “gosto de tarefas que envolvam a descoberta de novas soluções para os problemas”).

E o que significa isto, na prática? Pessoas com baixos valores na necessidade de cognição evitam atividades cognitivamente exigentes, enquanto pessoas com valores elevados possuem uma motivação intrínseca para pensar, resolver problemas/enigmas e ter pensamento abstrato.

E, à luz do mundo organizacional em que vivemos hoje, as organizações procuram pessoas que tenham este à-vontade para pensar e, preferencialmente, fora da caixa.

inovação e intraempreendedorismo

Façamos uma pequena avaliação. Pense na sua forma de atuação profissional, diária e de forma consistente – naquele que é o seu “padrão”:

1) O meu estilo de pensamento

O meu estilo de pensamento é mais tradicional (sigo procedimentos e regras sem questionar), flexível (adapto-me às situações) ou não convencional (questiono o status quo e a “autoridade”)?

2) Abordagem do intraempreendedor à aprendizagem

Tenho sede de conhecimento (muita curiosidade intelectual), sou interessado em aprender (quando percebo o objetivo) ou sou pragmático (focado na aprendizagem formal)?

3) A minha procura de novas experiências e relações

Procuro novas experiências e relações (avidamente), adapto-me a novas situações (embora não as procure) ou gosto de jogar pelo seguro?

O que aqui está subjacente é uma reflexão à nossa forma de estar e de pensar, à nossa agilidade de aprendizagem (learning agility), não só pela nossa capacidade de aprendermos coisas novas, mas também para entendermos que, a dada altura, importa desapegarmo-nos de algum conhecimento e crenças antigas e deixarmos “espaço para o novo”.

Será que estamos a permitirmo-nos ter curiosidade suficiente? À nossa medida, adequadamente? Matematicamente, é possível fazê-lo, assim saibamos escolher as variáveis para a nossa equação de aprendizagem. Vejamos como.

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O modelo de aprendizagem e desenvolvimento 70-20-10

A matemática está por toda a parte e, naturalmente, também ligada à aprendizagem e à curiosidade. O modelo 70-20-10 foi desenvolvido pelos professores Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo, do Center for Creative Leadership, e ajuda-nos a perceber isso mesmo.

Empiricamente podemos afirmar que há a vida na Escola e a Escola da vida/trabalho! O eterno e curioso aprendiz é aquele que entende esta plenitude e que, num misto de artista e de cientista/investigador, concilia o melhor destes dois mundos.

Sabemos que:

  • 70% da aprendizagem é feita pela prática e pela experiência (prática on the job e experimentação);
  • 20% resulta da aprendizagem relacional (na interação, partilhas e reflexões conjuntas);
  • 10% advém da aprendizagem formal (cursos de formação em sala, workshops, e-learning).

Surpreendente. A aprendizagem pode realmente acontecer em espaços formais (a típica sala de aula), não formais (integrada em atividades planificadas, mas não explicitamente designadas como atividades de aprendizagem – veja-se o caso dos museus, casas de cultura, …) ou, inclusivamente, informais (sem intencionalidade e decorrente de atividades da vida diária, por ex. nas conversas com pessoas de diferentes gerações – sejam elas baby boomers, geração X, Y ou Z).

Mais uma vez, há que fazer contas. Ou melhor, questões. De que formas é que cada um de nós está a facilitar o seu próprio processo de aprendizagem? E a estimulá-lo?

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Intraempreendedor: qual é o seu tipo de aprendizagem?

Todos nós temos preferências, quanto à forma de aprender. Não há fórmulas perfeitas, há pessoas que melhor se adequam a determinados tipos de conteúdos e à forma como estes são apresentados e expostos. A frase “um formato não serve todos” é cada vez mais uma evidência, num sistema de ensino que teima em não funcionar.

Também nas empresas se discute o assunto, pelas áreas de L&D (learning & development). Cursos de 8 horas em sala, em formato formador-debitador de informação, não são nem atrativos, nem eficazes.

Importa descobrir o que melhor serve a cada um, na sua jornada de aprendizagem. E criar alternativas. Do visual (vídeos, imagens, mapas mentais, …), ao auditivo (exposição oral, podcasts, …), passando pela leitura/escrita (livros, artigos, blogs, …) e pelo cinestésico (simulações, dinâmicas em grupo, …).

Organizacionalmente, há que saber dar “a volta ao texto”, num esforço ativo por envolver diferentes pessoas, em torno de um propósito comum: o do desenvolvimento do talento.

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Aprender a aprender – learnability

Ser intraempreendedor é um ato voluntário. Implica disciplina, autoconhecimento (pontos fortes e pontos de melhoria – para gestão de oportunidades e de ameaças) e autoeficácia (acreditar que vou conseguir fazer e, consequentemente, faço!).

É o reconhecimento de que posso e devo “aprender a aprender” – o conceito de learnability – enquanto responsabilidade individual. E para isso, há que se ter:

  • Mais “mente aberta”: estar disponível para absorver as diferentes fontes e ambientes de inspiração;
  • Mais foco: encontrando os métodos e a organização necessários para a implementação das ideias;
  • Mais originalidade: promovendo combinações/soluções ainda não experimentadas;
  • Mais resiliência: mantendo a calma e o otimismo, com perseverança;
  • Menos acomodação: desafiando os outros a juntarem-se a este movimento de deteção e exploração de ideias e de oportunidades.

Mas, e o medo que isto dá?

A curiosidade matou o gato

Provavelmente, todos nós conhecemos esta expressão… E quantos de nós se indagaram sobre o seu porquê? Não o vou desvendar, sejam curiosos e pesquisem.

E por falar em medo, quais são os maiores medos das pessoas, profissionalmente falando? O medo do desconhecido – de lidar com a incerteza e a ansiedade que daí decorre; o medo de ser julgado – e o que é que os outros vão dizer? A pressão social; o medo de dar o primeiro passo – muitas das vezes por nos sentirmos assoberbados e nem sabermos por onde começar; e, inevitavelmente, o medo de falhar – porque há sempre riscos associados às nossas decisões e o elogio do sucesso é uma constante e não das culturas de experimentação e da “tentativa-erro – aprendizagem”.

É “normal” e humano ter-se medo, há que saber lidar com esta emoção e até utilizá-la para desbravar admiráveis mundos novos, até agora desconhecidos.

Conclusão

É tempo de se tornar a curiosidade numa prática constante e “obrigatória” nas nossas vidas. “Quem não arrisca não petisca”, diz a sabedoria popular. O ato de arriscar pode também ser mitigado, através de estratégias e de ferramentas que aumentem a nossa autoconfiança, o conhecimento e a competência.

Sermos “aprendizes ao longo da vida” não é uma opção. É a única forma de nos mantermos relevantes, no nosso próprio interesse e no das organizações às quais pertencemos.

Este artigo apresentou conceitos-base, que estão na Agenda da Educação e da Formação. Visa abrir o apetite para o próximo, criando algum suspense e despertando a vossa curiosidade para descobrirem como podem ser mais curiosos e criativos.

Curiosa e de espírito empreendedor, Rita é Chief Energy Officer & Founder da ONYOU – Empowering & Learning Experiences, desenhando e implementando projetos de facilitação, formação e mentoring, com ênfase no desenvolvimento de soft skills (principalmente liderança, comunicação e empreendedorismo). A sua toolbox apresenta uma diversidade de ferramentas: LEGO® Serious Play®, Liberating Structures, Business Model You®, Management 3.0, Sociocracia 3.0 e Storytelling.

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