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Comunicação não-violenta no trabalho: Siga estes 4 passos

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11 minutos de leitura
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O conceito de comunicação não-violenta tem sido, cada vez mais, utilizado e aplicado para melhorar a forma como nos expressamos. A ideia é conseguirmos falar sem ferir o outro, e conseguirmos ouvir sem nos ofendermos.

Esta prática é fundamental para que a comunicação numa empresa seja amigável, empática e construída sob boas intenções.

Além disso, a comunicação não-violenta pode ser especialmente importante em ambientes de trabalho que não primam pela compreensão. Afinal, a boa convivência entre pessoas e uma ótima performance estão estreitamente relacionadas.

Neste artigo irá ficar a descobrir o que é a comunicação não-violenta, qual a importância, a sua relação com a inteligência emocional. E, claro, as quatro etapas para construir esta prática.

Tabela de conteúdos

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Comunicação não-violenta: o que é

O conceito de comunicação não-violenta surgiu em meados dos anos 60 do século XX. Este conceito foi desenvolvido pelo psicólogo Marshall B. Rosenberg. Desde então, tem vindo a ganhar cada vez mais protagonismo pela sua índole.

A comunicação não-violenta é uma comunicação baseada nas habilidades que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, ainda que estejamos a passar por adversidades. Isto é dizer que este tipo de comunicação é uma ferramenta que ajuda no controlo emocional.

Ainda lhe parece muito abstrato? Vamos tentar simplificar. A comunicação não-violenta é um processo de entendimento que permite facilitar o diáologo entre os pares, através da observação e empatia.

É, também, uma forma de melhorar uma relação, o ambiente laboral ou a produtividade de um funcionário. Sem ofender, culpar ou ameaçar.

Em muitas vivências traumáticas, tende-se a pensar de forma dicotomática. Ou está certo ou errado. Ou se é vilão ou se é bom. Recuperando este conceito trazido por Rosenberg, ele propõe uma forma diferente de pensar ao deixar de lado esta forma dicotomática de olhar as coisas.

Em vez de olharmos para o certo e para o errado, passamos a olhar para as situações de uma forma onde retiramos o julgamento, a crítica e as perspetivas unilaterais.

Começamos, então, a centrarmo-nos em pontos como a consideração , a liberdade, a confiança, a paz ou o afeto.

No fundo, a comunicação não-violenta permite entender que a forma violenta ou bruta como falamos com o outro, diz mais sobre ele do que o nosso comportamento.

A forma como o outro fala ou age diz respeito a uma tentativa de atender às necessidades do outro e não diretamente as nossas.

📚[Artigo] Como dar feedback: 5 Dicas para a Gestão de Desempenho

Importância e benefícios da comunicação não-violenta

Antes de percebermos com mais detalhe a importância de utilizarmos uma comunicação não-violenta, é crucial esclarecermos o seguinte:

A comunicação não-violenta não nos diz o que é certo ou errado. Muito menos é um manual em que encontramos as respostas que procuramos.

A comunicação não-violenta é uma ferramenta que nos ajuda a comunicar de uma forma mais empática e amigável. Em que entendemos o outro, nos colocamos no seu lugar e tentamos perceber a sua perspetiva. Sem exaltação ou frustração.

Ao utilizarmos um abordagem menos agressiva e mais assertiva, conseguimos aceder a uma panóplia de benefícios que antes eram corrompidos. Podemos enunciar as seguintes vantagens:

  • Reforço do espírito e trabalho em equipa
  • Fortalecimento dos laços entre as pessoas
  • Comunicação mais assertiva de conflitos
  • Melhoria na produtividade e qualidade do trabalho
  • Redução dos níveis de stress
  • Maior abertura para se comunicarem necessidades
  • Melhoria do ambiente eclima organizacional

Depois de percebermos estes (enormes!) benefícios, importa perceber qual é o seu oposto. Ou seja, iremos entender o que é uma comunicação violenta e como podemos identificar, com exemplos, esta forma de comunicação mais agressiva.

📚[Artigo] Clima Organizacional: Como fazer esta pesquisa? [+questionário Word]

Como se comporta uma comunicação violenta?

Se ainda tem alguma dificuldade em perceber concretamente como se processa uma comunicação não-violenta, decidimos apresentar-lhe exemplos do contrário. Isto é, iremos explorar o que é uma comunicação violenta e de que forma este tipo de comunicação leva a conflitos no trabalho.

Ora, é fácil entender o que é uma comunicação violenta nas conversas que temos diariamente com as pessoas que estão à nossa volta. Seja pela forma de nos expressarmos, seja pela forma como nos apresentamos e expressões que utilizamos.

Alguns exemplos de atitudes que indicam que estamos perante uma prática violenta, muitas vezes enraizadas nas relações profissionais, são as seguintes:

  • Transferência de culpa

É recorrente, quando há algum desacordo ou confrontação, a transferência de culpa de algum problema para outra pessoa. Além de que a falta de responsabilização por algum problema leva a um diáologo de desculpabilização.

Apontar culpados ou transferir a culpa são claramente sinais de comunicação violenta. O primeiro foco não deve ser encontrar o culpado, mas sim encontrar a solução.

  • Incapacidade de ouvir

Um dos sinais mais evidentes de que estamos num ambiente violento é termos os nossos pontos de vista ou sugestões ignoradas. Este é um dos exemplos mais fáceis de entender, pois todos queremos ser ouvidos.

Quando o outro não nos permite isso, fomentamos um espírito de unilateralidade. E de monólogo, claro. Um colega ou um profissional na liderança deve saber ouvir e escutar, mesmo não concordando.

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  • Imposição

Ligada aos dois pontos anteriores, a imposição é outro sinal de comunicação violenta. Ser inflexível na forma de trabalho ou impor tarefas geram frustração. Mas também a raiva ou desmotivação.

Esta imposição é uma forma pouco empática de nos comunicarmos. E nada de bom traz para o local de trabalho.

  • Apelar à hierarquia

É normal existirem hierarquias nas empresas, ninguém contesta isso. No entanto, fazer valer-nos da nossa posição para mostrar que alguém é superior, é tudo menos positivo. Exercer um cargo de liderança é diferente de alguém se considerar superior ao outro.

A forma como se expressa a liderança será determinantes para: ou motivar os funcionários a irem mais longe, ou a afastá-los e inferiorizá-los.

  • Estereótipos

Por fim, mas não menos importante, é oportuno falarmos de uma forma de comunicação violenta que traz um ambiente de toxicidade para qualquer empresa.

Os estereótipos são , infelizmente, muito comuns nas organizações . Seja pela má gestão de pessoas ou pela forma como comunicamos fragilidades.

As generalizações são frequentemente encontradas em empresas mais conservadoras e tradicionais. Podemos ver estereótipos nas seguintes expressões:

  • “As mulheres não conseguem assegurar posições de liderança”
  • “Ele é incapaz de agir num momento de pressão”
  • “As mulheres ficam doentes por tudo e por nada”
  • “Ela vai ser mãe, não vai conseguir ser produtiva”
  • “Ele é fraco a comunicar-se e isso não mudará nunca”

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Qual a relação entre comunicação não-violenta e inteligência emocional?

Aos descrevermos a comunicação não-violenta como uma forma empática e amigável de nos comunicarmos, há uma relação que temos de referir. Falamos da relação entre comunicação não-violenta e inteligência emocional.

Antes de mais, é oportuno explicarmos brevemente o que é  inteligência emocional. Ora vejamos:

Inteligência emocional é o conjunto de competências relacionadas com a forma de como lidamos com emoções. Mais concretamente, a forma como percebemos, processamos, compreendemos e gerimos emoções.

Mas qual a relação entre ambas? Podemos dizer que a inteligência emocional é a forma mais fácil de lidar, compreender e expressar emoções.

No entanto, para passarmos por todo o caminho que exige a inteligência emocional, é essencial que cada um desses processos seja feito nos moldes de comunicação não-violenta.

Para que possa entender melhor esta relação, decidimos dar-lhe este exemplo:

👉 Imagine que terá de despedir um funcionário na sua empresa. Apesar de todas as tentativas dadas para que ele cresça e se empenhe nas suas tarefas, continua sem interesse. Não é um bom profissional nem bom colega. Muito menos quer aproveitar as formações e desafios que lhe são propostos.

Ao despedir este colaborador, ele decide enviar-lhe e-mails reprovadores, agressivos, atribui-lhe a culpa do seu despedimento. Critica o seu trabalho e a sua relação com a empresa.

Se não tiver um bom entendimento das suas emoções, facilmente poderia sentir-se ofendido com os e-mailsque este ex-funcionário lhe envia. E poderia até “responder na mesma moeda”, ou seja, de uma forma pouco empática.

Contudo, se estiver munido de boas práticas de inteligência emocional, irá perceber que a forma como este ex-funcionário está a falar consigo, nada tem que ver consigo. E menos com o profissional que é. Ao responder de uma forma cordial e profissional, está a exercer comunicação não-violenta.

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4 passos da comunicação não-violenta

Depois de entendermos melhor o que é a comunicação não-violenta, quais os benefícios e a relação com a inteligência emocional, é momento olharmos mais em profundidade.

Importa, por isso, perceberquais são as quatro etapas que devem ser utilizadas, de forma genuína, na comunicação não-violenta.

1) Observação

A primeira etapa é a da observação. Aqui observamos como nos comunicamos nas mais diversas situações. Além disso, identificamos possíveis aspetos pouco empáticos.

Neste passo colocamos também em prática a suspensão do julgamento. Assim abrimos caminho para estarmos mais atentos ao contexto, da situação em causa ou da pessoa.

Esta observação assenta na forma como dizemos as coisas, ora vejamos:

  • Em vez de dizer “Ele entrega-se demasiado ao que já sabe que não vale a pena”, poderia dizer “Na última semana dedicaou muito tempo a este projeto, e tinha conhecimento de que este projeto stava a sugar-lhe energia e confiança no seu trabalho”.

2) Sentimentos

Esta etapa é decorrente da primeira, a diferença é apenas na forma como observamos as situações. Neste passo o convite é estarmosatentos ao que sentimos e a como reagimos às situações.

Podemos colocar-nos as seguintes questões:

  • O que sentimos quando observamos aquela situação?
  • Aquilo é algo que te assusta? Ou irrita? Ou te causa desconforto?
  • Qual é o sentimento que a minha ação irá gerar no outro?

3) Necessidades

O terceiro passo diz respeito à correspondência entre necessidades e os sentimentos que identificamos anteriormente. Ou seja, aqui o convite é perceber qual a necessidade que está por trás de cada comportamento.

Para o outro entender a minha necessidade, eu preciso de comunicá-la. Muitos mal-entendidos e comportamentos violentos são, exatamente, pela falta de comunicação de necessidades.

Se eu conseguir ser sincero e mostrar quais as minhas necessidades, a outra pessoa irá ser capaz de reconhecer as minhas motivações.

Exemplo de comunicação não-violenta:

“Eu gostaria de receber mais formações internas sobre métodos de recrutamento e seleção, pois gostaria de aprendar mais sobre esta área em particular dos Recursos Humanos. Isto deixar-me-ia realizado profissionalmente.”

4) Pedidos

Por último, a quarta e última etapa diz respeito aos pedidos. Aqui será o momento de agir. Após identificarmos as necessidades no passo anterior, chega agora o momento de agir de uma forma mais planeada e empática. Temos de ser específicos para que o outro entenda o que realmente precisamos.

Pode parecer simples, mas a verdade é que em ambientes tóxicos e de medo, o simples receio de receber um “não” faz com que não mostremos o que queremos. Ou que exijamos algo do outro sem justificarmos o que pretendemos e por que razões o pretendemos.

Utilizando o exemplo dado no passo 3, em vez de criticarmos o nosso gestor de RH por nunca nos ter oferecido formações, mostramos-lhe o nosso pedido. De uma maneira empática, com fundamento e atendendo a todos os passos anteriores.

📚[Artigo] Liderança transformacional: Tudo o que precisa de saber

Exemplos de comunicação não-violenta no trabalho

A comunicação não-violenta pode parecer simples, mas nem sempre é fácil conseguirmo-nos comunicar da melhor forma. Sobretudo em contextos que não nos são confortáveis.

Por isso, seguir todos os passos da comunicação-não violenta são fundamentais para nos conseguirmos fazer entender da forma que queremos. E, claro, de uma forma amigável e tranquila. Não precisamos de recorrer à agressividadeou para fazermos valer a nossa opinião ou ponto de vista.

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Deixamos-lhe, de seguida, alguns exemplos de práticas de comunicação não-violenta, para que possa perceber as ligações entre etapas:

[Exemplo 1] Comunicação não-violenta: Atraso para uma reunião

Na segunda-feira chegaste atrasado a uma reunião importante (observação) . Fiquei com receio de que fosse fazer a apresentação sozinho (sentimento) . A pontualidade nas reuniões com os clientes é fundamental para a nossa reputação (necessidade) . Posso-te pedir que, para a próximo vez, te organizes melhor e chegues um pouco mais cedo, ou avises que irás chegar em cima da hora? (pedido).

[Exemplo 2]Comunicação não-violenta: Feedback durante avaliação de desempenho

No último semestre não conseguiste atingir o target de vendas em nenhum mês (observação) . Estou preocupado contigo e talvez algo se passe que não tenhas partilhado comigo (sentimento) . Atingir o target de vendas é essencial para os nossos objetivos anuais e de crescimento empresarial (necessidade) . Achas que te será útil receber alguma formação, sessão de coaching ou um acompanhamento mais próximo junto de um team leader? (pedido)

Através destes exemplos percebemos que uma comunicação não-violenta não é tão difícil assim! A cordialidade, empatia e amigabilidade serão, sempre, os melhores caminhos para uma boa comunicação.

Esta comunicação não existe para apontar culpados, vilões ou inocentes. Muito pelo contrário. A comunicação não-violenta ajuda-nos a expressar melhor as nossas necesidades.

Importa lembrar, contudo, que nem sempre acertamos na necessidade que a outra pessoa tem. Muitas vezes essa pessoa tem mais dificuldade em perceber o que sente e o que pensa, pelo que a sua reação pode não ser a mais correta.

No entanto, se nós comunicarmos de forma empática, abrimos caminho a que o outro possa também possa perceber melhor a sua necessidade.

Quando comunicamos tendo em vista a comunicação não-violenta, é muito importante que não percamos de vista o nosso objetivo. Nem todas as pessoas dispõem desta informação, muito menos têm acesso a esta prática.

É, por isso, relevante que sejamos nós a comunicar, ou os outros, para encontrarmos uma forma de aprendermos mutuamente a ser mais empáticos.

📚[Entrevista] Desenvolvimento de Lideranças: Entrevista com Mariana Lopez

Como a tecnologia pode ajudar a melhorar a sua comunicação

Não é novidade para ninguém que uma boa comunicação nas empresas é essencial. Podemos falar de comunicação interna, entre equipas, entre líderes e liderados ou a forma como nos comunicamos com a empresa.

Nos últimos anos a comunicação foi obrigada a digitalizar-se. O teletrabalho e a flexibilidade de horário trouxeram a necessidade de nos comunicarmos de uma forma mais clara, mesmo à distância.

Deixarmos as informações escritas, gravadas ou enviadas para todas as pessoas (sem exceção) tornaram-se essenciais para que todos possam aceder aos materiais e conteúdos. Mesmo estando em casa, ou a trabalharem num outro horário.

Por isso, foi também imperativo que as empresas passassem por uma transformação digital . E, claro, a procurassem soluções que permitissem tornar a comunicação mais fluída, fácil e acessível a todos.

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